Título: Dobram o número de fusões e aquisições
Autor: Júnior, Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2007, Finanças, p. C8

O número de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras dobrou este ano. De janeiro a novembro, as operações anunciadas somaram 542 negócios, contra 274 em igual período de 2006, segundo dados da Thomson Financial. Sem a mega operação da Vale do Rio Doce, que comprou a canadense Inco por US$ 18 bilhões no ano passado, o valor movimentado pelas operações até agora caiu 11%, para US$ 49 bilhões.

Apesar de não ter uma operação do porte da Vale este ano, os especialistas destacam várias outros negócios de menor porte, que sinalizam o interesse de investidores estrangeiros no Brasil e consolidações setoriais, principalmente no segmento de varejo, alimentos, construção civil e no setor petroquímico.

Além disso, o ritmo de aquisições de empresas brasileiras no exterior continua forte. Uma das mais recentes foi a compra da siderúrgica americana MacSteel pela Gerdau por US$ 1,7 bilhão, operação assessorada pelo Citi. O banco americano, aliás, deu um salto no ranking da Thomson. Em 2006, ocupava a oitava posição. Agora está no terceiro lugar.

Matheus Villares, diretor responsável pela área de fusões e aquisições do Citi, destaca que a crise do mercado imobiliário subprime nos Estados Unidos pouco afetou os negócios por aqui. A razão é que, enquanto nos EUA as operações com empréstimos alavancados (que precisavam de crédito dos bancos) chegaram a representar cerca de 30% das fusões e aquisições, no mercado brasileiro o movimento ainda estava engatinhado.

Os casos mais conhecidos foram a compra da Brasilf pelo fundo de private equity Advent e a da Magnesita por um fundo da GP Investimento. Segundo Villares, as operações alavancadas pararam tanto aqui como lá. Além disso, no mercado brasileiro, o enfraquecimento do dólar acabou ajudando o movimento de compra de empresas estrangeiras por companhias locais, como ocorreu com a Gerdau.

Para quem está esperando que o mês de dezembro seja mais tranqüilo, Villares fala que muitos outros negócios devem ser anunciados e as primeiras posições no ranking podem ser alterar. "Não deve ser com certeza um mês calmo", afirma, destacando que circulam entre os bancos de investimento vários rumores de possíveis novos negócios.

No resto do mundo, as fusões e aquisições também andam aquecidas. Ao todo, as operações anunciadas este ano até novembro somaram US$ 4,1 trilhões, alta de 29%. Foram anunciadas nada menos que 37,7 mil operações. O líder do ranking é o Goldman Sachs.

Na América Latina, as operações cederam 21% para US$ 80 bilhões, queda também influenciada pela operação da Vale com a Inco. O Brasil respondeu por 61% do total das operações. O número de negócios anunciados totalizou 1,2 mil, dos quais metade ficaram no mercado brasileiro. O Citi foi o líder do ranking, repetindo o desempenho de 2006.