Título: Falta piloto de qualidade no Brasil, avalia entidade
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2007, Brasil, p. A2

A falta de pilotos experientes é outro problema para a segurança aérea no Brasil. A Associação Internacional de Companhias Aéreas (Iata) constata que empresas aéreas em economias emergentes começam a colocar anúncios para aceitar pilotos com nível mais baixo de experiência, com até 50% de tempo de vôo a menos, para designá-los capitães nas aeronaves.

É que há cada vez mais passageiros e mais aeronaves, mas falta o piloto. Giovanni Bisignani, presidente da Iata, dá a dimensão do problema: só no ano que vem serão entregues 1.200 novos aparelhos. Até 2020, há 16 mil aeronaves encomendadas, e serão necessários treinar 17 mil novos pilotos por ano para fazê-los voar.

Isso significa 3 mil pilotos a mais do que a atual capacidade de treinamento no mundo por ano, segundo Juergen Kaacker, diretor de segurança e operações da Iata. "As companhias aéreas estão brigando por recursos limitados com grande impacto por causa da evolução dos mercados emergentes."

No Brasil, a situação é um pouco diferente. "Piloto há, o que falta é piloto de qualidade", afirma Ronaldo Jenkis, diretor-técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). Ele diz que muitos dos bons pilotos foram atraídos por companhias estrangeiras, com salários acima de US$ 15 mil por mês, comparados aos R$ 15 mil reais que receberiam no país. "Alguns voltam, com saudade do país, mas a falta está se tornando um problema."

Insistindo que a segurança é um "desafio crescente", a Iata quer assegurar um padrão de treinamento dos pilotos. Uma das metas da entidade é reduzir o número de acidentes. "O problema de acidentes está concentrado em três áreas: Brasil, Ásia-Pacífico e África. Somos uma indústria global e precisamos voar com segurança por todo lugar", diz Mike O'Brien, diretor da Iata.

A entidade projeta 620 milhões de novos passageiros até 2011, juntando-se aos 2 bilhões atuais. O número na América Latina seria de 54 milhões a mais. "Segurança aérea deve ser mais inteligente, mais rápida e mais adaptável" e isso começa pelo piloto. (AM)