Título: Unibanco vai ampliar rede de agências
Autor: Carvalho , Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 04/12/2007, Finanças, p. C5

O Unibanco prepara um plano de ampliação da rede de agências, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste, para enfrentar a expansão do Banco Santander após a aquisição do ABN AMRO Real. A compra mudou o ranking dos banco no Brasil, levando o Santander do sétimo lugar em ativos totais para o terceiro, após o Banco do Brasil e o Bradesco. O Unibanco conserva o sexto lugar no ranking.

A ênfase na conquista de clientes e venda de produtos fora das agências tornou o Unibanco tímido no aumento da rede física, reconheceu o presidente do banco, Pedro Moreira Salles, ontem, pouco antes da reunião com a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).

Nos últimos dois anos, a rede do Unibanco ganhou de 80 a 90 novas agências, atingindo 947 no fim de setembro. Incluindo os postos de atendimento bancário (PABs), chega a 1,2 mil pontos. Já o Santander e o ABN AMRO somarão 2,2 mil agências, metade das quais apenas em São Paulo.

O fortalecimento do Santander em ativos e crédito não chega a preocupar Moreira Salles basicamente por dois motivos. Em primeiro lugar porque ainda não são visíveis as mudanças na estratégia de atuação do banco espanhol em função da aquisição. E, em segundo, porque em uma fusão de bancos, os limites de crédito dos clientes comuns não são simplesmente somados. "Ganharemos um novo concorrente com uma escala adicional. Mas lidaremos com o desafio à medida que o banco mostrar o que vai fazer", disse Moreira Salles.

O Unibanco, que comemora na próxima semana dez anos de listagem de suas ações no mercado americano, trabalha com a perspectiva de um aumento de 4,5% a 5% na economia brasileira e com um crescimento do crédito de 20% a 25%, ligeiramente inferior ao patamar deste ano.

Já o Unibanco espera trabalhar um pouco acima da média. Nos doze meses terminados em setembro, a carteira de crédito do Unibanco cresceu 29% para R$ 55,902 bilhões. Algumas linhas cresceram mais com destaque para o consignado que aumentou 36,2% para R$ 1,536 bilhão; o cartão, 31,2% para R$ 5,68 bilhões; o financiamento de veículos, 70,6% para R$ 7,175 bilhões; e as pequenas empresas, 37,1% para R$ 10,909 bilhões.

Um dos negócios mais promissores, para Moreira Salles, é o crédito imobiliário. Somente em setembro o banco fechou R$ 300 milhões em negócios, metade de todos os R$ 600 milhões fechados em 2006. A expectativa do banqueiro é dobrar do vice-presidente Geraldo Travaglia é dobrar a carteira de crédito imobiliário no próximo ano para cerca de R$ 3 bilhões.

O desafio para a expansão do crédito imobiliário, alertou Moreira Salles, é a disponibilidade de funding de longo prazo. O boom atual, disse, tem sido sustentado em boa parte pelas emissões de ações das construtoras.

Já o Unibanco tem obtido funding de longo prazo com a emissão de CDB subordinados. O banco emitiu um total de R$ 2 bilhões em CDB subordinados até setembro e, em outubro, quase R$ 900 milhões, segundo o tesoureiro Daniel Gleizer. São títulos de 5 a 7 anos de prazo, com custo equivalente a 103% a 1045 do CDI - custo mais barato do que as condições internacionais atuais, disse Gleizer.

Com essas operações, o Unibanco aumentou o índice da Basiléia, que chegou a 14% no final do segundo trimestre com o aumento do crédito, para 14,9% no final de setembro, em comparação com 15,5% doze meses antes.

Moreira Salles receia que a crise internacional de crédito acabe atingindo os mercados emergentes como o Brasil na forma de uma restrição de crédito, que afete as taxas de crescimento mundial e a demanda para produtos brasileiros. "Hoje é uma certa névoa, mas os bancos internacionais podem ter seu papel de redistribuição de poupança afetado", afirmou o banqueiro.