Título: Copom se mostra preocupado com inflação
Autor: Cleto, Paula
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2007, Finanças, p. C2

O crescimento da economia nacional - e o conseqüente aquecimento do consumo - e a alta dos índices de preço no Brasil e em outros países colocam riscos à trajetória da inflação e exigem do Banco Central uma ação prudente, uma vez que esses riscos reduzem "sensivelmente" a margem de segurança da política de juros. Por essas razões, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter o juro básico do país em 11,25% ao ano na reunião de 4 e 5 de dezembro. "Essa decisão visa preservar as conquistas no combate à inflação e assegurar que o fortalecimento da atividade econômica continue se dando em bases sólidas", justifica a ata da sessão, divulgada ontem.

O documento enfatiza a preocupação da autoridade monetária com a atividade econômica e o consumo, cujo aumento deve continuar sendo sustentado pelos efeitos dos cortes nos juros efetuados desde setembro de 2005. O texto menciona em mais de um ponto a determinação do BC em adequar oferta e demanda na economia. "É preciso que os indicadores prospectivos de inflação, em particular a evolução esperada da demanda e oferta agregadas, evoluam de forma harmônica" afirma a ata em um desses pontos.

Os diretores do BC argumentam que o cenário atual precisa ser monitorado para que não haja um descompasso entre as principais forças que norteiam a política econômica, ou seja, a atividade e a estabilidade de preços. Enfatizam que o papel da autoridade é garantir o equilíbrio entre os dois fatores, de forma a assegurar crescimento sem disparada da inflação. A demanda aquecida, o aumento de custos de commodities e serviços e a alta de índices de preços são ameaças a esse equilíbrio. "A prudência passa a ter papel ainda mais importante, dentro desse processo, em momentos como o atual, nos quais a deterioração do balanço dos riscos inflacionários reduz sensivelmente a margem de segurança da política monetária", sublinha o documento, repetindo trecho já colocado na ata da reunião de outubro, mas incluindo a palavra "sensivelmente".

Para o Copom, o aquecimento do consumo abre espaço para que as empresas repassem ao varejo os aumentos de custos vistos no atacado - principalmente vindos da oscilação de preços de alimentos e outras commodities no mercado internacional.

"Elevou-se a probabilidade de que a emergência de pressões inflacionárias inicialmente localizadas venha a apresentar riscos para a trajetória da inflação doméstica", explica a ata. Além de isso acontecer no Brasil, outros países também estão verificando elevação nos índices de preços, "evidenciando a intensificação de riscos em escala global", diz o documento.