Título: Postos esperam vender 86% a mais de álcool este ano
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2007, Brasil, p. A5

O aumento do combate à informalidade no mercado de combustíveis deve levar as vendas de álcool hidratado pelos associados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) a um aumento de 86,6% este ano, em relação ao volume negociado em 2006. No ano passado, as empresas ligadas ao sindicato venderam 2,836 bilhões de litros de álcool hidratado e a expectativa é de que este volume chegue a 5,291 bilhões de litros este ano.

O crescimento de 86,6% é apontado como recorde na história do sindicato para o álcool hidratado. O volume ainda aparece longe do recorde de 11 bilhões de litros, de 1990, no auge das vendas de carros a álcool. "O consumidor pensa mais hoje na qualidade do produto e sabe que procurar um posto confiável é importante. E o vendedor hoje sabe que colocar o posto sob uma bandeira conhecida é importante, já que a marca agrega valor para ele", diz Leonardo Gadotti, presidente do Sindicom.

O vice-presidente executivo do Sindicom, Alísio Mendes Vaz, cita ainda a recomposição de margens dos afiliados do Sindicom como um indicativo de que o combate à informalidade no setor e a pressão dos consumidores por um produto de qualidade contribuem para os resultados dos associados do sindicato.

Segundo ele, as margens das distribuidoras em São Paulo - Estado que representa 60% das vendas de álcool hidratado no Brasil - ficaram negativas durante quase todo o ano de 2006 e passaram para o terreno positivo a partir de maio deste ano, quando começou um movimento mais intenso de combate à falsificação. "As margens se estabilizaram em torno de R$ 0,02 por litro desde então. Mas voltaram a ficar negativas na última medição em novembro, o que mostra que a sonegação pode estar voltando a ocupar mercado", ressaltou Mendes Vaz.

O avanço do volume vendido de álcool supera com folga as projeções de crescimento do mercado do produto como um todo. Em 2006, o mercado fora dos associados do Sindicom representou 63% do total, com 5,9 bilhões de litros. Pelas previsões do sindicato, o mercado total dará um salto de 28%, para 9,9 bilhões de litros, e as não-associadas responderão por 46% desse volume.

De acordo com Mendes Vaz, o mercado de combustíveis como um todo vai crescer este ano acima de 4%, depois de avançar 2,6% no ano passado. Mais uma vez, a projeção para os associados será de um crescimento mais expressivo, de 10%, para 71,2 bilhões de litros.

A expectativa é de que a participação do Sindicom nas vendas de álcool se aproxime dos níveis registrados no mercado de gasolina nos próximos anos. Enquanto estima fechar o ano com fatia de 54% do mercado de álcool hidratado, o Sindicom fechou o ano passado com 76% do mercado de gasolina C no Brasil.

Nesse sentido, Mendes Vaz admite uma preocupação adicional com a informalidade. Segundo ele, a tendência é de que as vendas de gasolina permaneçam estáveis no Brasil até 2010, data a partir da qual o Sindicom prevê o início de uma trajetória de recuo nos volumes negociados, fruto do esperado crescimento do mercado de álcool a reboque da produção crescente de automóveis flex fuel.