Título: Previdência pode chegar a R$ 150 bi
Autor: Pavini , Angelo
Fonte: Valor Econômico, 07/12/2007, Finanças, p. C7

O crescimento da economia brasileira e a melhora da renda da população vão permitir um forte aumento das aplicações em previdência privada aberta, acredita Tarcísio Godoy, diretor presidente da BrasilPrev, empresa de seguros e previdência do Banco do Brasil. Estimativas feitas pela empresa indicam que o total de ativos em previdência privada devem atingir R$ 125 bilhões este ano, 22,6% acima do saldo do ano passado, e R$ 150 bilhões no fim de 2008, valor que representaria 8,7% do total aplicado em fundos, CDBs e previdência fechada e aberta. A estimativa da Brasilprev é que essa parcela da previdência privada cresça nos próximos 10 anos, atingindo 16,6% em 2017.

"O país está ficando mais rico, com a vantagem de que isso ocorre com melhor distribuição de renda", afirma Godoy. Com isso, uma parte da população, de menor renda, poderá ter acesso à poupança de longo prazo e deverá buscar a previdência privada. Há ainda o potencial de crescimento do setor a partir de produtos diferenciados, voltados para a educação dos filhos ou para os gastos de saúde na velhice. "Cada vez mais vamos trabalhar com opções de poupança de longo prazo, e não apenas aposentadoria", diz Godoy, que espera que as autoridades criem incentivos para estimular essas variações da previdência aberta.

Parte do crescimento do setor reflete também uma realocação das carteiras dos grandes investidores, admite Godoy. Eles procuram a previdência aberta para aproveitar as vantagens fiscais da aplicação, que pelo regime de tributação regressiva pode pagar apenas 10% de imposto de renda após 10 anos, enquanto as demais opções pagam no mínimo 15%. "Mas mesmo assim isso é positivo pois há um estímulo para o alongamento dessas aplicações de longo prazo, que poderão ser usadas em investimentos produtivos e ajudar no crescimento do país".

A Brasilprev deve apostar em 2008 no segmento de baixa renda. Para isso, lançará no varejo uma versão do fundo de previdência "ciclo de vida", que vai ajustando o perfil da carteira com o passado do tempo. No início, o fundo aplica mais em ativos arriscados, como ações, e, com o passar dos anos, vai aumentando a parcela de renda fixa, tornando-se mais conservador. "Essa é uma alternativa para o pequeno investidor, que não tem conhecimento nem tempo para fazer ele mesmo a gestão do dinheiro, o fundo faz isso para ele". A idéia é oferecer o novo plano para os clientes do varejo do BB em aplicações a partir de R$ 25,00. Hoje, apenas os clientes de alta renda do banco podem aplicar nos fundos ciclo de vida. Além do BB, apenas o Citibank oferece esse tipo de fundo, mais sofisticado, no varejo, em parceria com a Icatu.

Godoy admitiu que o custo para quem aplica em previdência no Brasil ainda é alto em relação ao mercado internacional. "Mas isso tende a diminuir à medida que o setor ganha escala." Segundo ele, hoje um investidor de varejo pode pagar até 4% de taxa de carregamento - descontado de cada contribuição - e mais a taxa de administração do fundo, a partir de 2% ao ano. "Mas dependendo do valor da contribuição, essa taxa de carregamento pode chegar a zero e a taxa de administração a 1,5%."