Título: Amorim critica proposta climática de países ricos
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2007, Internacional, p. A12

Em reação aos governos de países desenvolvidos, que pressionam pela liberação do comércio de "bens ambientais", como equipamento de energia solar, e cobram metas de redução das emissões de gases para os países em desenvolvimento, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, acusou as nações ricas de esconderem intenções protecionistas e mercantilistas sob falsas manifestações de defesa do meio ambiente. O tom agressivo de Amorim é uma amostra do discurso que pretende adotar na conferência sobre mudanças climáticas que reúne, a partir desta semana, representantes de 190 países em Bali, na Indonésia, para disputar a continuação do Protocolo de Kyoto.

"Não faz sentido estarmos discutindo sobre a redução dos fatores do efeito estufa e sua ligação com o comércio, e não discutirmos as altas tarifas do etanol e os subsídios agrícolas", disse Amorim. Ele acusou os países ricos de mostrarem duas faces, uma em defesa do meio ambiente e outra protecionista, com as tarifas ao etanol, excluído da discussão sobre "bens ambientais".

"Na realidade o que se vê é um esforço muito grande para vender tecnologias, produtos", disse o ministro. "Não abrem mercado para produtos que não só beneficiam os países pobres, mas ajudariam o próprio objetivo que dizem ter", queixou-se Amorim. "Bali é um ponto de partida, não de chegada", advertiu. O governo brasileiro pretende sugerir a adoção de compromissos "que sejam verificáveis".