Título: Governo tenta definir Mesa do Senado antes da CPMF
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2007, Política, p. A9

Garibaldi Alves: com participação de Sarney, PMDB costura com Planalto apoio a senador potiguar

A direção do PMDB buscou durante todo o dia de ontem encontrar uma solução consensual para a presidência do Senado. A cúpula e a bancada do partido na Casa costuravam com o Palácio do Planalto o apoio a Garibaldi Alves (RN) para suceder Renan Calheiros (AL). A votação está prevista para amanhã e pode ocorrer antes da votação da CPMF. Havia ontem uma articulação para que a eleição fosse antecipada para hoje, mas isso só ocorrerá caso haja um entendimento entre todos os líderes partidários.

Para a base governista, seria uma forma de ganhar mais tempo para negociar a aprovação da CPMF - tanto com a oposição quanto com os senadores da base aliada que têm exigências para votar a favor. Além disso, com a sucessão definida, um presidente eleito pela maioria dos senadores teria mais condições políticas de comandar a votação.

O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), tentava até a noite de ontem articular um nome de consenso da bancada, para evitar disputa entre os cinco candidatos apresentados: Garibaldi Alves (RN), Neuto De Conto (SC), Valter Pereira (MS), Leomar Quintanilha (TO) e Pedro Simon (RS). No fim do dia, a tendência era afunilar nas candidaturas de Garibaldi e Neuto, por serem os nomes com menos arestas na bancada.

"Quero esgotar todas as possibilidades para evitar disputa. Se chegarmos a um nome de consenso na bancada do PMDB, fica mais fácil obter consenso fora do partido. Isso seria importante para o momento difícil que o Senado atravessa", disse Raupp. Ele conversou com cada candidato e com os líderes dos demais partidos.

De quatro candidatos, obteve o compromisso de que buscariam entre si o nome com maior apoio: Garibaldi, Neuto, Pereira e Quintanilha. "Pedro (Simon) disse que, em princípio, levará seu nome à bancada", disse o líder.

Pereira e Quintanilha aceitaram retirar suas candidaturas. Mas, até as 20h de ontem, Raupp ainda não havia conseguido convencer Garibaldi, Neuto e Simon a evitar a disputa na bancada. "Vamos entrar pela madrugada em busca de acordo. Vou até as últimas conseqüências", disse Raupp.

Interlocutores de Simon diziam que o gaúcho não queria desistir porque os governistas sempre o acusam de nunca enfrentar uma disputa. Por outro lado, sabia que teria poucos apoios na bancada. Raupp descartou sua própria candidatura e a de José Sarney (PMDB-AP), candidato preferido do Palácio do Planalto.

O ex-presidente manteve a decisão de não disputar. Mas participou ativamente das negociações em busca do consenso na bancada. Sarney e o grupo ligado a Renan buscaram aproximação com Garibaldi nessa reta final. Havia uma indisposição dos renanzistas com Garibaldi, por causa da postura crítica do ex-governador na crise que envolveu Renan. Um dirigente do PMDB afirmou, no início da noite, que a opção deveria ficar entre Garibaldi e Neuto, um senador de primeiro mandato, que assumiu a cadeira na vaga de Leonel Pavan, eleito vice-governador de Santa Catarina.

"Espero ser o escolhido. Sem o Sarney, podemos ter uma disputa mais equilibrada", afirmou Garibaldi. "Vamos ver quem será o escolhido", rebateu Neuto de Conto. Com suporte de 29 senadores de vários partidos, Simon disse que vai disputar, o que pode prejudicar os planos de Raupp de evitar votação na bancada. A aliados, Simon disse que não gostaria de concorrer, mas estaria pressionado pela articulação de Eduardo Suplicy (PT-SP), que o lançou.

No esforço para viabilizar sua candidatura, Garibaldi atuou nos últimos dias para ajudar o governo a conseguir votos para aprovar a emenda constitucional que prorroga a CPMF até 2011. (Com agências noticiosas)