Título: Otimismo com economia volta a elevar popularidade do presidente
Autor: Romero , Cristiano
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2007, Política, p. A2

Beneficiadas pelo desempenho favorável da economia, a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a aprovação de seu governo voltaram a crescer. Segundo a pesquisa CNI/Ibope realizada entre 30 de novembro e 5 dezembro, 51% dos brasileiros consideram boa ou ótima a gestão do governo. Trata-se do segundo melhor percentual desde que Lula chegou ao poder, em janeiro de 2003. A aprovação do presidente segue em alta (65%), tendo crescido dois pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada em setembro.

Três fatores explicam, na avaliação do diretor de Relações Institucionais da CNI, Marco Antonio Guarita, o resultado amplamente favorável da pesquisa ao governo Lula. O primeiro é a melhora da expectativa da população em relação ao desempenho economia em 2008. Os brasileiros estão otimistas: 88% acreditam que o próximo ano será "bom" ou "muito bom", sendo que, para 79% dos entrevistados, 2007 já foi assim.

O desempenho positivo da economia explica o otimismo. Dos quatro indicadores de expectativa para os próximos seis meses, dois confirmam melhora em relação à pesquisa anterior. O percentual de brasileiros que acreditam que a inflação vai aumentar diminuiu de 52% para 49%. Quanto ao item "desemprego", houve queda de 52% para 46% no universo dos que apostam em seu aumento.

O segundo indicador apontado por Guarita como um espelho do bom momento vivido pelo governo diz respeito à percepção do noticiário. Desde o primeiro mandato de Lula, esse é o indicador mais desfavorável ao presidente. No auge do mensalão, em setembro de 2005, 61% dos entrevistados julgaram que o noticiário era desfavorável ao governo. Na pesquisa de setembro deste ano, 39% tiveram essa opinião. No resultado divulgado ontem, 30% acham isso.

O terceiro fator favorável a Lula e seu governo está, na opinião do diretor da CNI, na resposta da população a uma pergunta incluída nessa rodada da pesquisa CNI/Ibope. Para 50% dos entrevistados, a vida melhorou nos últimos dois anos, enquanto apenas 12% acham que piorou. Na decomposição dos dados, vê-se que, dos 50%, essa percepção é maior entre os jovens (61% dos entrevistados entre 16 e 24 anos), os brasileiros de maior escolaridade (54% dos que possuem educação superior) e dos que vivem nas regiões Norte e Centro-Oeste (59% do total) e Nordeste (55%).

A classe média, que a MCI Estratégia, responsável pela análise dos dados, classifica como a parcela da população com renda superior a 10 salários mínimos (R$ 3.800), continua sendo a que mais rejeita o presidente. Segundo a pesquisa, metade dos brasileiros nessa faixa de renda desaprova a maneira como o presidente governa o país. O dado positivo para o presidente Lula é que o saldo negativo entre os que aprovam e desaprovam diminuiu um ponto percentual.

Em todas as outras categorias da pesquisa, Lula tem maioria folgada de aprovação. O presidente segue com maior popularidade nas regiões mais pobres - Nordeste (77% de aprovação), Norte e Centro-Oeste (67%) -, entre a população de baixa renda (71% de aprovação para quem ganha até um salário mínimo) e de menor escolaridade (72% entre os que estudaram apenas até a 4ª série do fundamental).

Apesar dos bons ventos, a avaliação do governo continua claudicando em duas áreas: segurança pública e impostos. No primeiro caso, o índice de aprovação caiu de 36% na pesquisa de setembro para 32% na divulgada ontem. O grau de desaprovação, por sua vez, aumentou de 61% para 66%. A desaprovação é ainda maior no que diz respeito aos impostos, uma vez que 69% dos entrevistados rejeitam a atuação do governo, dois pontos percentuais acima do resultado anterior. O índice dos que aprovam caiu de 27% para 26%. Ao contrário do que fez na pesquisa anterior, a CNI não perguntou a opinião dos entrevistados sobre a CPMF - naquela enquete, a maioria (54%) defendeu a extinção do tributo.

A pesquisa não inquiriu a população sobre a proposta, defendida pelo PT, de um terceiro mandato para o presidente Lula nem tratou dos possíveis candidatos à sua sucessão. A amostra incluiu 2.002 entrevistas feitas em 141 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais e grau de confiança de 95%.