Título: Inflação dispara e China deve reagir
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Fonte: Valor Econômico, 12/12/2007, Internacional, p. A10

A inflação da China subiu 6,9% em novembro, no acumulado de 12 meses, o ritmo mais forte em 11 anos. Esse é o maior temor do governo chinês com a economia, pois a alta dos preços já vem gerando tensão social. A alta deve reforçar a tendência de aperto na política monetária, mas adiará ainda mais um reajuste nos preços da energia.

Além disso, o superávit comercial chinês subiu 14,7%, para US$ 26,3 bilhões. Os dados vão intensificar a pressão para que o Banco do Povo da China, o banco central do país, eleve as taxas de juros e permita que a moeda chinesa se valorize mais rapidamente, o que desaqueceria a economia do país.

A disparada dos preços ao consumidor foi puxada pelo custos dos alimentos (muito por conta da escassez de carne suína) e dos combustíveis. Os preços de serviços públicos, como água e eletricidade, tiveram forte alta. A inflação de novembro superou as projeções de economistas. Em outubro, os preços acumularam alta de 6,5%.

A disparada e o superávit comercial recorde de US$ 238 bilhões nos 11 primeiros meses deste ano fizeram com que o governo definisse a inflação e o superaquecimento como as maiores ameaças ao crescimento do país. Entre as principais economias do mundo, a China é a que a que cresce mais. A projeção é de 11,6% este ano.

O secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, está em Pequim e pressiona pela valorização do yuan, o que reduziria o superávit comercial da China com os EUA e estancaria o fluxo de divisas canalizado para a economia chinesa.

Embora o ritmo de exportações para os EUA tenha perdido fôlego, o aumento das vendas para Europa, Oriente Médio e outros mercados ajudou a elevar o superávit.

"A liquidez gerada pelo superávit comercial vai continuar a criar superaquecimento na economia em 2008", afirmou Glenn Maguire, economista-chefe do Société Générale em Hong Kong. "Até o final do ano o yuan terá de se valorizar a um ritmo mais constante, as taxas de juros vão subir e a alíquota do depósito compulsório dos bancos vai subir para 17% até o final do ano que vem."

Ontem o yuan teve sua maior alta dos últimos 30 dias em relação ao dólar. A divisa chinesa, que subiu 12% desde a suspensão do regime de câmbio fixo ao dólar, em julho de 2005, ganhou 0,2%, indo para 7,3805 yuan por dólar ontem em Xangai, contra 7,3952 de segunda. A moeda chinesa chegou a ser negociada a 7,3770 yuan por dólar, seu valor mais elevado desde o final da âncora cambial.

O Banco do Povo determinou na semana passada que as instituições financeiras recolham 14,5% dos depósitos ao BC, elevando a alíquota, que estava em 13,5%. A taxa de juros chinesa de um ano está em seu maior patamar em nove anos, em 7,29%, após cinco aumentos este ano. O governo vem freando ainda os empréstimos concedidos por bancos públicos.

Na definição do BC, a política monetária passará de "estável" e "moderadamente apertada" para "apertada", principalmente por conta de preocupações com a inflação.