Título: Para diversificar, cooperativas do PR partem para abate de bovinos
Autor: Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2005, Agronegócios, p. B9

Duas cooperativas do Paraná preparam-se para estrear no mercado de bovinos. A Corol, de Rolândia, no norte do Estado, acerta os detalhes finais de uma parceria com um grupo americano que atua no mercado de carnes. Em conjunto com ele, pretende investir US$ 30 milhões em uma unidade que terá como foco principal o mercado externo. A cooperativa não revela o nome da empresa dos EUA. Já a Coopavel, de Cascavel, na região oeste, investiu R$ 20 milhões em um frigorífico e iniciará os abates de bovinos em março. Até agora, as duas cooperativas vinham apostando apenas nos mercados de aves e suínos. O assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, diz que problemas de sonegação de impostos adiaram a entrada das associadas no ramo de bovinos. Recentemente, o vice-governador e secretário estadual da Agricultura, Orlando Pessuti, participou de reunião com representantes de pecuaristas para discutir os problemas que vinham sendo enfrentados por funcionários e fornecedores do frigorífico Margen, que arrendava unidades na região. Na ocasião, ele disse que a entrada de cooperativas no abate de bovinos ajudaria a reduzir a dependência dos pecuaristas paranaenses de um único grupo. Pessuti chegou a sugerir um nome para a empresa que vai surgir a partir da joint venture que está sendo criada em Rolândia: Corol Brazilian Beef. Investir em carnes marcará uma grande mudança na Corol, criada há 41 anos e que atua na área de grãos, fruticultura, rações, café e produção de açúcar e álcool. O presidente da cooperativa, Eliseu de Paula, diz que o projeto começou a ser estudado dois anos atrás. "Temos cooperados que atuam na pecuária e enfrentam problemas na hora da comercialização, como baixo preço e sonegação", disse. Para entrar no mercado, a Corol buscou um parceiro industrial. Paula conta que a carta de intenções foi assinada há quatro meses e que o acordo de acionistas está sendo elaborado. "Em um mês o negócio deverá estar sacramentado", informou o executivo. Segundo ele, a intenção não é vender apenas carne in natura, mas produzir hambúrgueres e embutidos voltados para o comércio exterior. "No longo prazo, o frigorífico resultará numa nova Corol" , afirma. A capacidade inicial de abate será de 500 bois por dia, podendo chegar a mil no segundo ano de operação e a dois mil no quarto ano. A cooperativa informou que até agora cerca de 400 pecuaristas do norte do Paraná, interior de São Paulo e do Mato Grosso do Sul candidataram-se a fornecer animais. Além do frigorífico, em 2005 a cooperativa deverá investir cerca de R$ 20 milhões em um moinho de trigo e tem projeto para a construção de um pastifício. Outras carnes também estão nos planos da cooperativa, que faturou R$ 750 milhões no ano passado. "Começamos com boi, mas logo partiremos para aves e suínos", avisou Paula. A Coopavel fez o contrário. A cooperativa começou a investir em carnes em 1980, com uma unidade de suínos. Em 2002 inaugurou um novo frigorífico e hoje abate 1,5 mil animais por dia. A entrada no mercado de aves aconteceu em 1994 e hoje estão sendo aplicados R$ 40 milhões para dobrar o abate de frango, que é de 140 mil cabeças/dia. O frigorífico de bovinos abaterá 200 animais por dia. O presidente da cooperativa, Dilvo Grolli, não revela detalhes do projeto. "Vamos iniciar os abates e depois definiremos como trabalhar". Com faturamento de R$ 773 milhões em 2004, um aumento de 18% sobre o ano anterior, a Coopavel exportou US$ 38,4 milhões ano passado, em derivados de soja e carnes de frango e suínos. Este ano, a cooperativa deve investir R$ 50 milhões, sendo R$ 20 milhões em aves, R$ 10 milhões em uma fábrica de ração, R$ 10 milhões na unidade de leitões, R$ 5 milhões em indústria de adubos e R$ 5 milhões na ampliação dos armazéns.