Título: Ex-distribuidores da AmBev criam cervejaria
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 07/01/2005, Empresas &, p. B1

Ex-distribuidores da AmBev uniram-se para criar uma nova cervejaria: o Grupo Novo Malte. A cerveja da empresa, batizada de Besser (melhor, em alemão), chega ao mercado ainda este mês. O grupo composto por 19 distribuidores com atuação no interior de São Paulo e Minas Gerias nasce com um modelo de negócios diferente - o principal foco será a distribuição e a produção será terceirizada. A bebida será produzida pela Frevo, indústria de bebidas com forte atuação no Nordeste e sede em Pernambuco. O negócio evidencia uma nova tendência do mercado cervejeiro: a união entre as pequenas. A idéia da Frevo é que, posteriormente, sua cerveja venha a ser produzida no Sudeste quando o Grupo Novo Malte tiver sua fábrica aqui. A Frevo investiu R$ 20 milhões no ano passado para montar sua fábrica de cerveja com capacidade de produção de 500 mil caixas (com 24 garrafas) por mês e apenas 10% da capacidade está ocupada. Com a fabricação da Bresser, outros 5% serão ocupados. A Frevo já produz a Colônia no Nordeste e, em cerca de 4 meses, terá sua cerveja produzida na fábrica da Cervejaria Sul Brasileira (dona da Colônia), em Toledo, no Paraná. A empresa também está em negociação com a Imperial, de Goiás, para fazer o mesmo tipo de intercâmbio. "Os pequenos têm que se unir, inclusive em termos industriais, para competir no mercado nacional. Não temos condições de construir fábricas no Brasil inteiro", diz Sidney Wanderley, presidente da Frevo "Ter um parceiro industrial nesse começo de negócio é a melhor solução, já que otimiza a fábrica, e permite concentrar nossa atuação na distribuição. É o que sabemos fazer e isso é crucial para o mercado de cervejas", afirma Renato Madrigano Artero, presidente do Grupo Novo Malte. "Hoje é mais fácil criar uma marca do que uma rede de distribuição eficiente", completa. Todos os distribuidores do Grupo Novo Malte são sócios e atuam no mercado há cerca de 25 anos. A maioria distribuía Antarctica e perdeu o contrato depois da fusão entre Antarctica e Brahma quando foi criada a AmBev, em 2000. "Eles teriam a opção de sair do foco e distribuir outros produtos ou vender apenas cervejas populares com uma margem pequena. Daí surgiu a idéia de ter a própria marca", explica Adalberto Viviani, presidente da Concept, assessoria que ajudou a estruturar o negócio. Segundo Artero, o objetivo é reunir 60 distribuidores em seis meses. "Queremos que todos sejam sócios", afirma. Inicialmente, serão vendidas 20 mil caixas por mês. No final do primeiro semestre de operação, a previsão é chegar a 50 mil caixas mensais. Além da marca própria, o grupo revenderá, inicialmente, cerca de 100 mil caixas por mês de outras marcas de pequenas cervejarias. "Precisamos de volume, daí a necessidade de outras marcas, mas a nossa é importante para dar união ao grupo de distribuidores", diz Artero. Para montar do zero uma estrutura de distribuição como a que os 19 distribuidores possuem hoje, Artero calcula que seria necessário um investimento médio inicial de R$ 600 mil para cada distribuidor. As pequenas cervejarias estão conquistando um espaço importante no mercado nacional de cervejas. Segundo dados da A.C. Nielsen de novembro, as pequenas marcas, com exceção de Schincariol, Kaiser e AmBev representam quase 9% do mercado brasileiro.