Título: Novelis nasce no país com receita de US$ 620 mi
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2005, Empresas &, p. B5

A Novelis Inc., a mais nova multinacional de produtos laminados de alumínio, que iniciou suas operações ontem em quatro continentes, projeta crescimento da demanda no mercado brasileiro de pelo menos 5% neste ano. Por conta disso, a empresa acredita que as exportações a partir do Brasil vão ficar no mesmo patamar do ano passado, em US$ 200 milhões. "Desde o segundo semestre o consumo interno acelerou", afirma Antonio Tadeu Coelho Nardocci, presidente da Novelis América do Sul, baseada em São Paulo. A nova companhia é resultado da cisão dos ativos de produtos laminados da canadense Alcan Inc., com exceção de material altamente sofisticado, como componentes para o setor aeroespacial. O que ficou com a Novelis somava, em 2003, vendas de US$ 6,2 bilhões, equivalente a cerca de 25% da receita global da Alcan, considerando a compra da francesa Pechiney. Sem participação da Alcan no capital, a empresa nasce com ações negociadas nas bolsas de valores de Toronto e Nova York. No mundo, a companhia atuará em quatro mercados - América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia - que reúnem 12 países. A Novelis começa a operar com quase 14 mil empregados, dos quais 2,1 mil no Brasil. A produção anual soma 2,47 milhões de toneladas. A subsidiária brasileira da Novelis, que herdou cerca de 85% da receita da Alcan Brasil no ano passado, tem uma característica sui generis. É a única unidade que tem entre seus ativos produção de bauxita e alumina e duas fundições de alumínio primário e hidrelétricas. Nardocci explica que a produção do metal, em Ouro Preto (MG) e Aratu (BA), está integrada às duas unidades de laminação de chapas e folhas, em Santo André e Pindamonhangaba. "Não faria sentido desmembrar, pois 80% do metal supre as duas fábricas." As operações brasileiras têm previsão de movimentar este ano 305 mil toneladas de produtos, com receita de US$ 620 milhões. Desse valor, um terço será obtido com exportações, principalmente de chapas para fabricação de latas de cervejas e refrigerantes. "Temos vendido grande parte do produto para os Emirados, Arábia Saudita e Jordânia", informa Nardocci. O volume neste ano deve ficar em torno de 75 mil a 80 mil toneladas. Segundo Nardocci, citando dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), o mercado interno de produtos transformados tinha previsão de fechar 2004 com aumento de 10,7%. Em latas, segundo os fabricantes, a alta foi de 6% e a perspectiva para 2005 é de novo crescimento. Com base nisso, a Novelis projeta aumento de vendas totais de 5% sobre as 290 mil toneladas do ano passado. "A melhoria da renda e o crescimento do PIB e das exportações do país incrementaram a demanda de alumínio nos setores automotivo, de bebidas e embalagens, informa o executivo. "Meu maior desafio à frente da Novelis Brasil será, fora do guarda-chuva da Alcan, criar uma identidade própria para a Novelis e manter a liderança de desenvolvimento e tecnologia no mercado de laminados", diz Nardocci. Paulistano de 47 anos, ele é engenheiro metalúrgico, com pós-graduação em Administração e especializações na Kellog's, em Chicago, EUA, e na Insead, França. Na Alcan, foi durante um ano e meio responsável pela área de laminados na Malásia e teve duas passagens de quatro meses na Inglaterra e no Japão. Declarando-se sempre "otimista", o executivo disse que outro desafio seu é dominar as operações ligadas à mineração de bauxita e produção de alumínio. "Durante 21 anos fui um homem do negócio de laminação." Ficaram também a seu cargo nove hidrelétricas próprias, que têm potência de 117 MW e respondem por 33% da energia consumida pelas unidades da companhia. Em estudo está também o projeto da usina de Candonga/Barra dos Coqueiros, no rio Claro, em Goiás, um projeto de US$ 120 milhões com potência de 155 MW. Se aprovado no "board" da Novelis, vai garantir, a partir de 2008/2009, que a empresa gere 60% da energia consumida. A nova empresa prevê investir neste ano US$ 26 milhões no Brasil em ampliação e modernização de linhas. O nome Novelis surgiu da fusão de três palavras: novidade, velocidade e precisão.