Título: Analistas esperam recorde em 2005
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2005, Finanças, p. C1

Com duas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) já confirmadas, um volume de debêntures que está prestes a igualar o total do ano passado e uma grande quantidade de produtos de recebíveis sendo registrada, em apenas um mês o mercado de capitais já promete confirmar as expectativas dos especialistas e ter um ano de 2005 com números históricos. De acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entre ofertas que estão em análise e outras que já obtiveram registro oficial, o volume já alcança R$ 10,3 bilhões. "As perspectivas são animadoras, o mercado de capitais está realmente se firmando como alternativa de financiamento", comemora o superintendente de registro da CVM, Carlos Alberto Rebello. Parte desse total ainda é de operações acertadas no ano passado, mas que se concretizaram e foram aprovadas este ano, explica o superintendente da CVM. "Mas uma outra parte já corresponde a valores que deram entrada este ano e vale lembrar que não estão computados nesses montantes os Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs), os valores de duas ofertas iniciais de ações e os programas de distribuição", diz Rebello. No ano passado, em registros efetivos, a CVM contabilizou R$ 26,5 bilhões (contando com os FIDCs), mas cerca de R$ 5 bilhões estavam ainda pendentes na análise. Só em programa de distribuição, a CVM aprovou este ano o do Itaú Leasing, que é de R$ 10 bilhões. As emissões de debêntures já somam R$ 8,7 bilhões entre valores já registrados ou em análise, sendo que, em todo o ano passado, foram registrados R$ 9,6 bilhões. Os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) já somam R$ 433 milhões e superam o volume registrado em 2004. Já foram registrados também quatro novos FIDCs na autarquia, que ainda não computou os volumes. Mesmo computado os valores relativos ao rescaldo de 2004, os especialistas acreditam que as perspectivas para esse ano são excelentes. "Realmente, os números são bons, pois janeiro não costuma ser um mês tão aquecido", diz Marcelo Trindade, presidente da CVM. "O mais positivo disso é que mostra que essa não é uma nova onda, é uma continuidade de um ciclo positivo que começou no ano passado e que está dando sinais de que vai ser ainda melhor este ano, que deve fechar com um número de operações ainda melhor do que o de 2004." O advogado Ricardo Veirano, sócio do Veirano Advogados, diz que é habitual que operações definidas em 2004 sejam concretizadas este ano, mas, na avaliação dele, o mercado de capitais não vai parar por aí e ainda há muitas operações que serão concretizadas este ano. "Além de haver mais IPOs no forno, o mercado de dívida realmente parece estar muito aquecido, seja por meio de debêntures ou de operações estruturadas por FIDCs", diz o advogado. Para ele, o fato de o setor estar com o marco regulatório absolutamente atualizado e bem feito foi fundamental para a retomada que se iniciou no ano passado e que vai se confirmar de vez este ano. Sócio da Rio Bravo Investimentos, Glauber Rocha não tem dúvida de que o ano será intenso no mercado de capitais. "Não resta dúvida que a CVM vai ter muito trabalho", brinca ele, que cuida da área de recebíveis imobiliários. "Mas não é só o CRI que vai ter um bom ano, vejo movimentações para a montagem de vários tipos de operações, como emissão de debêntures e também IPOs", diz Rocha, que aguarda registro de quatro operações de CRI na autarquia e já tem outras duas ou três engatilhadas. Rebello acredita que o ano será de muito trabalho. "Pelas conversas que temos tido com os agentes do mercado, ainda há muita coisa por vir este ano." Em janeiro, o volume de ofertas na CVM deve superar os desembolsos do BNDES, mas o grande desafio é alcançar esses mesmos valores no ano fechado. "Não é uma competição, esta é apenas uma forma de medir se o mercado de capitais já está funcionando como uma ferramenta de financiamento para o setor produtivo tão forte quanto queremos."