Título: Fundo critica os bancos brasileiros
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2005, Finanças, p. C8

A falta de competição e o poder dos bancos no Brasil ajudam a explicar o alto custo da intermediação financeira no país, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI). No capítulo em que analisa os problemas dos sistemas financeiros na região, o FMI dedicou um quadro ao tema intitulado "Os bancos brasileiros competem?", que mostra a alta lucratividade em empréstimos no Brasil. Os bancos brasileiros têm o menor percentual de ativos aplicados em empréstimos: 30%, comparados a 68% no resto da América Latina, 68% nos Estados Unidos e 52% na Europa Ocidental. O sistema bancário brasileiro representa o mesmo percentual do PIB que o setor nos EUA, mas provê menos da metade do total de empréstimos proporcionalmente ao PIB. O spread (margem de juros líquida) sobre os ativos é o mais alto de todas as regiões estudadas: 5,2% do total de ativos. Na América Latina, a média é de 4,2% do ativo total, nos Estados Unidos, 3,1%, e na Europa, apenas 1,9%. A análise da lucratividade afirma que os bancos brasileiros têm como principal fonte de renda altos juros em empréstimos e títulos públicos. Os índices de concentração no sistema também são altos: 77% dos depósitos estão com as dez maiores instituições. Em toda a região, os padrões de crédito ao longo da década de 90 foram de bolhas seguidas por períodos de contração. As crises bancárias em diversos países levaram a reformas e reforço da supervisão. Mas ainda há necessidade de capitalização em alguns países, como Argentina, Equador e Uruguai. Também é preciso adotar medidas para estimular a concessão de crédito de longo prazo. (TB)