Título: Petrobras reduz previsão de investimentos na Venezuela
Autor: Rosas , Rafael ; Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2007, Empresas, p. B8

Cerveró, diretor: "O custo para produzir 200 mil barris por dia no Orinoco é de US$ 10 a US$ 12 bilhões. É muito dinheiro" A Petrobras vai desacelerar seu programa de investimentos na Venezuela. A empresa, que desistiu de explorar gás no bloco Mariscal Sucre, já avisou que terá no máximo 10% do campo de Carabobo, podendo inclusive não participar do projeto. A previsão anterior era de uma participação de até 40% na área, que fica na Faixa do Orinoco e abriga uma das maiores reservas de petróleo pesado do mundo.

Segundo o diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, a decisão não afeta o acordo de parceria entre a Petrobras e a PDVSA na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A venezuelana continuará com 40% e com um contrato de venda de 100 mil barris de petróleo venezuelano para a unidade, que vai processar 200 mil barris/dia.

Questionado sobre a necessidade do país importar petróleo considerando as previsões de aumento da produção média, que será de 2 milhões de barris/dia em 2008 e as perspectivas de óleo leve, Cerveró lembrou que a balança comercial entre Brasil e Venezuela é deficitária em US$ 3 bilhões, o que pode ser compensando um pouco pelo acordo com a PDVSA. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, lembrou que a refinaria de Pernambuco vai atender 19% do mercado brasileiro de diesel e que o Brasil precisa ter bom relacionamento com a Venezuela, que tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo. "O Brasil não pode se isolar. E por razões políticas e econômicas tem que analisar investimentos".

Segundo Cerveró, a decisão da Petrobras é fruto de análise financeira sobre o projeto, que custa mais caro em função da necessidade de investir em unidades de melhoramento para produzir um petróleo sintético de maior valor comercial.

"O custo para produzir 200 mil barris por dia na Faixa do Orinoco é de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões. É muito dinheiro e não queremos mais do que 10%", frisou Cerveró. O diretor lembrou que a Petrobras tem um portfolio diversificado de investimentos no exterior, citando Angola, Nigéria e Golfo do México para justificar a decisão. E usou como comparação o campo de Agbami, na Nigéria, no qual a estatal tem participação minoritária. Lá o investimento para produzir 250 mil barris de petróleo leve é de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões. "Na Venezuela o custo é muito mais alto para produzir a mesma quantidade de petróleo."

Cerveró também antecipou que Repsol e a Petrobras vão anunciar uma grande descoberta de gás no Peru, na área denominada lote 57. A descoberta fica próxima ao campo gigante de Camisea, da Hunt Oil, coreana SK Corp., Repsol YPF e a japonesa Marubeni. A estatal brasileira é minoritária no projeto, com 47%. O anúncio deverá ser feito pela empresa espanhola, que é a operadora do campo.

A Petrobras prevê investir R$ 54,865 bilhões em 2008, dos quais 87,6% no Brasil e 12,4% no exterior. O volume é 40% maior que os R$ 39 bilhões investidor em 2007. O maior volume, cerca de R$ 25,9 bilhões, será destinado à área de exploração e produção e R$ 14,312 bilhões para o abastecimento. Também estão previstos investimentos de R$ 6,828 bilhões na área internacional, R$ 5,636 bilhões em gás e energia, R$ 1,4 bilhão no setor corporativo, e R$ 781 milhões em distribuição.