Título: Parcela de curto prazo é a menor desde abril de 2002
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2007, Finanças, p. C7

A dívida interna encerrou novembro com sua parcela de curtíssimo prazo abaixo dos 30%, marca registrada pela última vez em abril de 2002. O coordenador-geral adjunto de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido, ressaltou ontem que esse alongamento tem muito mais valor que o patamar de cinco anos atrás porque está acompanhado de uma melhor composição da dívida.

De julho de 2001 a abril de 2002, os títulos com vencimento em até 12 meses tiveram participação abaixo dos 30% do estoque, mas isso ocorreu porque houve forte emissão de papéis remunerados pela variação da Selic (LFT). Desde o início de 2003, a estratégia do Tesouro procura reduzir o peso desse título pós-fixado.

O Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2007 estabelece que um dos objetivos é reduzir a parcela dos papéis que vencem em até 12 meses porque isso reduz o risco de refinanciamento. O intervalo tolerado para essa parte da dívida interna, neste ano, vai de 29% a 33%. Em novembro, a parte de curtíssimo prazo ficou em 29,8%.

Garrido também admitiu ontem que a volatilidade do mercado financeiro internacional faz aumentar o custo das captações, mas garantiu que o Tesouro vem mantendo sua estratégia de aumentar gradativamente a participação dos papéis prefixados e dos títulos remunerados pela variação do índice de preços. "O mercado da dívida é influenciado pela volatilidade internacional, que continuou dando o tom em novembro", reconheceu.

O coordenador também comentou que o Tesouro já realizou três leilões de papéis desde que o governo sofreu a derrota da CPMF no Senado. Informou que, nos dois eventos da semana passada (terça e quinta-feira), os custos foram maiores que os de ontem. "O importante para o mercado foi ouvir que o governo vai manter a política fiscal e a meta de superávit primário", disse.

A gestão da dívida pública federal teve, de janeiro a novembro, resgate líquido de R$ 28,7 bilhões, sendo R$ 26,2 bilhões na dívida externa e R$ 2,5 bilhões na dívida interna.

O estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) aumentou 1,73% em novembro e chegou a R$ 1,307 trilhão. O impacto dos juros foi de R$ 12,24 bilhões e houve emissão líquida de R$ 8,5 bilhões.

A composição da DPMFi, em novembro, teve aumento da parcela dos prefixados, de 35,18% para 36,11% e queda da participação dos papéis vinculados à Selic, de 35,50% para 34,80%. O peso dos títulos ligados a índice de preços reduziu-se de 26,09% para 25,88% e os ligados ao câmbio ficaram praticamente estáveis, variando de 0,95% para 0,96%.

Apesar dos 36,11% relativos aos prefixados, Garrido garantiu que o ano será encerrado com o Tesouro cumprindo o que definiu no PAF: intervalo de 37% a 43%. Isso porque dezembro tem previsão de grande vencimento de LFT, papel ligado à Selic.

Os perfis de vencimentos da dívida interna, em novembro, tiveram redução da parcela de curtíssimo prazo, de 30,53% para 29,80% e diminuição do prazo médio, de 36,74 meses para 36,33 meses. O custo médio da DPMFi, nos últimos 12 meses, caiu de 13% para 12,85%, em virtude da variação da Selic.

O Tesouro também informou que a Dívida Pública Federal externa (DPFe), em novembro, teve aumento de 1,96% em seu estoque, chegando a R$ 110,2 bilhões (US$ 61,8 bilhões). Desse volume, US$ 48 bilhões são da dívida mobiliária e US$ 24,6 bilhões são decorrentes de contratos. No mês passado, a gestão de DPFe teve resgate líquido de R$ 1,6 bilhão.

O programa de recompra de papéis da dívida externa teve, em novembro, o cancelamento dos títulos resgatados no quinto bimestre, consumindo R$ 1,1 bilhão entre principal, juros, ágio e encargos.

Em novembro, o programa Tesouro Direto bateu a marca dos 100 mil investidores (100.578), o que significa crescimento de 40,45% nos últimos 12 meses. O estoque chegou a R$ 1,38 bilhão.