Título: Riscos de aperto no crédito são menores para emergentes, diz BIS
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 10/12/2007, Finanças, p. C2

O Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco dos bancos centrais, vê progressão do aperto de crédito nos mercados, mas estima que os riscos para o crescimento parecem mais limitados nas economias emergentes do que nos países industrializados.

Em seu relatório trimestral sobre a evolução das finanças globais, o banco constata a degradação suplementar do mercado imobiliário nos EUA e os conseqüentes riscos econômicos e políticos, que aumenta a cautela dos operadores.

Avalia que a inquietação com a escassez da liquidez nos mercados monetários continuará em 2008. A desconfiança resta elevada entre as instituições financeiras, abaladas por "perdas pesadas'' de bilhões de dólares com a inadimplência nas hipotecas de alto risco - "subprime''.

As ações do setor financeiro nos países industrializados foram as mais atingidas com as turbulências, com vários bancos perdendo por volta de 40% do valor de mercado. Também as cifras dos lucros das empresas nos Estados Unidos no terceiro trimestre registraram baixa, pela primeira vez em muitos anos.

Os rendimentos da dívida pública das principais economias industrializadas igualmente caíram, com investidores se refugiando em ativos mais seguros, antecipando "debilidade"' econômica.

Nesse cenário, e apesar da maior aversão a riscos, ativos das economias emergentes continuam atraindo os investidores, estimulados pela perspectiva de robusto crescimento econômico e fortes altas de lucros.

Segundo o BIS, bônus e ações dos países emergentes são favorecidos pelos investidores, ainda mais quando se leva em conta que o dólar americano sofreu desvalorização efetiva de 3,9% contra as moedas dos maiores emergentes no terceiro trimestre, e o retorno em dólar nos ativos dos emergentes cresceu mais, a quase 30%.

Apesar das projeções de crescimento continuarem favoráveis, o BIS alerta que as cotações de ações na China e Índia já se encontram altas demais pelos padrões históricos. As valorizações na China e Índia excedem as dos Estados Unidos e do Japão em mais de 30% e ainda mais nas médias de longo prazo.

No terceiro trimestre, as turbulências nos mercados financeiras provocaram um recorde histórico de negociação nos mercados internacionais de derivados. O volume de operações de derivativos sobre taxas de juros, dividas e índices das bolsas cresceu 27%, alcançando US$ 681 trilhões. O movimento de contratos em real aumentou 9%, em dólar australiano 17% e no dólar da Nova Zelândia 3%.

As transações nas moedas de economias emergentes vem aumentando. O movimento tradicional com taxa de câmbio chegou a US$ 3,2 trilhões em abril, dos quais 20% são com moedas emergentes. O real representa 0,4% do total.

Entre julho e setembro, as emissões de títulos internacionais caíram fortemente, sobretudo nos emergentes. Já no segundo trimestre, antes da crise, os créditos bancários tinham aumentado, com importante fluxo para os emergentes.