Título: Mercado espera leilão da Cesp até março
Autor: Adachi , Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 18/12/2007, Brasil, p. A3

Estão acelerados os trabalhos de avaliação e modelagem da Cia. Energética de São Paulo (Cesp) para a venda do bloco de ações que pertence ao governo de São Paulo. Segundo o Valor apurou, os relatórios finais de avaliação da empresa e de estruturação do modelo de venda devem ser entregues até o fim do ano. Trabalhos preliminares já foram recebidos pelo governo. A expectativa no mercado financeiro é que a venda do controle da empresa possa acontecer ainda no primeiro trimestre de 2008.

Para tanto, a operação tem que ser aprovada em reunião do Programa Estadual de Desestatização (PED). O governo detém, direta e indiretamente, 43,31% do capital total e quase a totalidade do votante (95,31%). Só a Secretaria da Fazenda é dona de 93,68% das ONs.

No mercado financeiro, a expectativa é que o modelo de venda escolhido seja de leilão de todo o bloco para um comprador estratégico, porque isso tende a maximizar o ganho para o governo paulista. Ou seja, não deve haver pulverização do controle. A preços de mercado, a participação do governo valeria hoje cerca de R$ 4 bilhões (com base na ação PNB, a mais líquida). Como o que está em jogo é o controle acionário da empresa, o mais provável é que o preço mínimo contenha um prêmio. Há expectativa entre analistas de mercado que o preço mínimo fique em torno de R$ 6 bilhões. Os ativos de geração de energia estão bastante demandados e é provável que o valor suba bastante no leilão, engordando o embolso a ser feito pelo governo de José Serra.

Quem levar as ações do governo terá que fazer uma oferta pública para os minoritários. Não só aos detentores de ONs, mas também para quem possui preferenciais classe B, porque os papéis adquiriram direito de "tag along" (extensão do prêmio de controle) desde a oferta pública feita no ano passado para capitalizar a companhia.

O governo de são Paulo detém apenas 17,99% das PNBs. O restante está no mercado. São 210,2 milhões de ações PNB, que valem cerca de R$ 7 bilhões na bolsa (sem considerar prêmio de controle).

Tudo somado, entre pagamento ao governo e oferta aos minoritários, é possível supor que o eventual comprador de Cesp fará um desembolso mínimo ao redor de R$ 15 bilhões. Entre os principais interessados no ativo estão a CPFL, o grupo belga Suez, dono da Tractebel, e os espanhóis da Neoenergia e da Endesa.

Com capacidade de 7,5 mil megawatts (MW), distribuídos em seis hidrelétricas, a Cesp é a segunda maior estatal de geração do país (atrás da Eletrobrás). Ainda sob o governo de Geraldo Alckmin, a empresa passou por ampla reestruturação financeira com o objetivo de prepará-la para a venda. Após uma capitalização de R$ 5,5 bilhões, que incluiu emissão de ações, injeção de recursos pelo governo (da venda da Cteep) e venda de debêntures, a companhia conseguiu reduzir sua dívida e adequá-la ao fluxo de caixa. A Secretaria da Fazenda, que está à frente dos estudos para a venda da Cesp, não retornou o pedido de entrevista até o fechamento da edição.

O governo contratou o Banco Fator para avaliar 18 estatais e o Citi para estudar o que pode ser feito das empresas. Além da Cesp, a expectativa é que só as maiores empresas da lista, como Nossa Caixa, Sabesp e, talvez, Metrô sejam objeto de alguma operação.