Título: Tesouro melhora o perfil da dívida
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/12/2007, Finanças, p. C8

O Tesouro informou ontem que vai encerrar 2007 com melhor composição da dívida pública. Somadas as participações de títulos prefixados e dos papéis ligados a índice de preços, o percentual ficará acima dos 59%, contra 51,8% no ano passado e menos de 10% no final de 2002. Além disso, o peso do curtíssimo prazo - vencimento em até 12 meses - será reduzido para aproximadamente 28%. Em dezembro de 2006, foi de 33,3%.

Considerando apenas os números de novembro da dívida interna, os prefixados ficaram com 36% do total, o que mostra aumento em relação a outubro (35,2%). A parcela de prefixados, na dívida interna, está em 35,2% e o intervalo do PAF é de 37% a 43%. Mas Valle garantiu que o objetivo será cumprido porque, em dezembro, há um grande vencimento de LFT, papel ligado à Selic.

As informações foram divulgadas ontem pelo secretário adjunto do Tesouro, Paulo Valle, durante teleconferência com investidores organizada pelo banco BNP Paribas. Ele disse que quase todas as metas do Plano Anual de Financiamento (PAF), previstas para 2007, serão cumpridas, exceção feita às relacionadas com a dívida cambial e com o alongamento. Mas isso vai ocorrer, na interpretação de Valle, no "sentido positivo" do descumprimento.

O PAF 2007 prevê prazo médio entre 32 e 36 meses na dívida interna. Em outubro, ele foi de 36,7 meses e deve encerrar este ano acima dos 36 meses.

Com relação à parcela vinculada à variação do câmbio, a dívida interna registrou, em outubro, 1% de participação. O intervalo do PAF é de 1% a 2%, mas o resultado deve ficar abaixo do mínimo programado. Na dívida pública total (incluindo a externa), a parcela cambial está em 8,3%, mas o intervalo do PAF vai de 10% a 12%.

Valle comentou que, como o objetivo de longo prazo da gestão da dívida é o alongamento e a elevação das participações de papéis prefixados e ligados a índice de preços, 2007 será um ano muito positivo.

Na atual conjuntura, o secretário procurou ressaltar aos investidores que o Tesouro tem ajustado a velocidade para que as principai s metas do PAF sejam alcançadas. Dessa maneira, discordou da suposta "timidez" do programa de recompra da dívida externa, apesar dos spreads em alta. Ele ponderou que essa iniciativa já reduziu em US$ 4,8 bilhões (valor de face) a dívida externa. "Os spreads mais largos não são ofertados ao Tesouro e também não vamos agredir o mercado aumentando a velocidade da recompra", afirmou.