Título: Para Dilma, insumo deveria ser destinado à indústria e não para carros
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Fonte: Valor Econômico, 19/12/2007, Brasil, p. A6

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticou, ontem, durante audiência na Câmara dos Deputados, a política de expansão do gás natural veicular (GNV) adotada no governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Para ela, o gás, considerado combustível nobre, deve ser destinado apenas para a indústria.

"Não precisamos esquentar casa [referindo-se ao sistema de calefação nos EUA e Europa] (...). Ele dá maior produtividade à indústria. É lá que ele tem que ser implementado. Um país que tem o etanol e o biocombustível não tem que fazer do GNV uma política de expansão." Para Dilma, cabe ao governo dar um uso adequado ao gás, sem subsídios e sem expansão do GNV. A ministra ressaltou, no entanto, que a atual estrutura para o GNV não será alterada.

Como solução para o aumento do fornecimento de gás às empresas, ela afirmou que é preciso concluir o Plano Nacional de Gás Natural (Plangás), com uma rede de gasodutos. De acordo com Dilma, o gás deve ser um complemento do setor elétrico, sendo utilizado quando os reservatórios de águas ficam abaixo de determinado nível. A ministra ressaltou ser preciso monitorar o consumo, e quem precisar consumir mais deve pagar o preço do mercado internacional.

Dilma criticou o que considera falta de planejamento do governo que antecedeu à gestão do presidente Lula. Como exemplo dessa falta de planejamento, citou o setor hidrelétrico. Segundo ela, Lula assumiu o governo com 3 mil MW de energia inventariados e que agora irá entregar 30 mil MW em inventário.

Dilma confirmou que em 2008 será realizado leilão para contratação de energia, cuja fonte é a biomassa. "Vai ser importante para o governo introduzir biomassa na matriz energética brasileira", disse. O leilão será realizado dia 15 de abril, e a entrega da energia terá início a partir de 2010.

Durante a audiência na Câmara, Dilma falou também sobre os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a concessão de rodovias e o abastecimento de gás no Sudeste. Informou que o governo fará dia 22 de janeiro - quando o PAC completa um ano - o terceiro balanço do programa. Para a ministra, o resultado do PAC tem sido positivo. Como exemplo, citou o leilão de concessão das rodovias federais, que teve taxa de retorno (menos de 8,95%) bem inferior a do modelo antigo. Para Dilma, 26% de retorno ao investidor "era um crime".

"O modelo de menor preço para o usuário foi a aplicação de uma lei bem capitalista no capitalismo", disse ela referindo-se à concorrência gerada pelo modelo.

Ela confirmou que o leilão da usina de Jirau, a segundo do Madeira, será em 2008, e que a usina de Estreito (TO) deverá ter o funcionamento antecipado para a metade de 2010. Essa usina é a maior em construção no país, com 1.087 MW (megawatts) de capacidade. (Agências noticiosas)