Título: Cidades produtoras de petróleo caem em ranking do PIB municipal per capita
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2007, Brasil, p. A2

A recente mudança de metodologia no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) causou mudanças importantes no ranking dos municípios com o maior PIB per capita do país. Saíram do ranking de 2005 as cidades fluminenses de Quissamã, Carapebus, Rio das Ostras e Macaé, que deram lugar a Fronteira (MG), Ouroeste (SP) e às mato-grossenses Alto Taquari e Santo Antônio do Leste.

A liderança ficou com Cascalho Rico (MG), com R$ 289,8 mil por habitante. De acordo com o IBGE, que divulgou o PIB dos Municípios 2005, a cidade, que tem apenas 2.619 habitantes, é sede da terceira maior hidrelétrica do Estado.

A seguir, aparecem no ranking Araporã (onde fica a maior hidrelétrica de Minas), com R$ 223 mil por habitante, seguida por São Francisco do Conde (BA), com R$ 211,6 mil e Triunfo (RS), com R$ 193, 3 mil . Porto Real (RJ) é a 5ª, com R$ 174, 7 mil. São Francisco do Conde tem a segunda maior refinaria do país, a Landulfo Alves, Triunfo é sede de um pólo petroquímico e Porto Real abriga indústrias automotivas. Na seqüência, estão Fronteira (MG), Paulínia (SP), Ouroeste (SP), Alto Taquari (MT) e Santo Antônio do Leste (MT).

A coordenadora do projeto PIB dos Municípios, Sheila Zani, pondera que, além da mudança de metodologia no cálculo do PIB, que teve aumento do peso dos serviços, de 55,7% para 66,3%, houve redução do peso da indústria de extração mineral. Com isso, perderam posições importantes no ranking os municípios com forte contribuição da indústria de exploração e produção de petróleo, caso dos quatro municípios fluminenses.

Macaé, que figurava como o 10º maior PIB per capita do país em 2004, caiu para 76º em 2005. Carapebus, que também recebe royalties do petróleo, despencou do 6º lugar, em 2004, na metodologia antiga, para 89º em 2005, já com a nova metodologia. Quissamã e Rio das Ostras passaram para 11º e 12º lugares do ranking, respectivamente.

Entre 5.564 municípios brasileiros, apenas 23 possuíam, em 2005, participação superior a 0,5% do PIB total. Entre essas cidades, dez não são capitais estaduais e apenas Duque de Caxias (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ) e Betim (MG) não ficam no Estado de São Paulo.

O maior destaque na evolução do PIB municipal desde 2002 foi Barueri, em São Paulo. O município se beneficiou com o crescimento dos setores de intermediação financeira, comércio e serviços de informação e sua participação no PIB brasileiro saltou de 0,8%, em 2002, para 1,04%, em 2005.

A cidade do Rio de Janeiro sofreu a maior perda entre os 22 maiores PIBs do país: passou de 6,2%, em 2002, para 5,5%, em 2005. O município de São Paulo, apesar de liderar com folga o ranking, também viu sua importância diminuir, de 12,8% do PIB brasileiro, em 2002, para 12,3% em 2005.

Entre as cidades que não são capitais, o primeiro lugar no ranking dos maiores PIBs é ocupado por Barueri (R$ 22,4 bilhões), o que a coloca em 8º lugar na lista geral. A outra cidade que, sem ser capital, faz parte do ranking dos dez maiores PIBs é Guarulhos - 10º lugar, com R$ 21,6 bilhões.

O maior avanço no ranking geral dos maiores PIBs municipais entre 2002 e 2005 foi registrado por Bom Jesus do Araguaia (MT), que pulou de 4.681º para 2.618º lugar, graças ao aumento da produção de soja e ao crescimento da pecuária na região. A seguir, aparece Canaã dos Carajás (PA), que passou do 2.457º para o 424º lugar, devido ao desenvolvimento do projeto de cobre de Salobo.

Os maiores recuos ficaram com Santana do Mundaú (AL), que passou de 1.605º para 3.462º, devido à queda da produção de laranja, e com a gaúcha Coxilha, que caiu de 2.323º para 4.061º, por causa da crise agropecuária em 2005.