Título: FGTS aumenta para R$ 14 bilhões o orçamento de 2008 para financiamentos
Autor: Izaguirre , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2007, Brasil, p. A5

O orçamento de aplicações do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em operações de crédito, que já estava definido para 2008, deve ser revisto e aumentar em R$ 5 bilhões. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Cidades, Márcio Fortes. Segundo ele, com a ampliação, vai a R$ 14 bilhões o volume a ser disponibilizado pelo FGTS em financiamentos, no próximo ano.

A decisão ainda precisa ser formalizada pelo conselho curador do fundo, que se reúne hoje no Rio de Janeiro. O reforço maior será para a carteira de financiamentos habitacionais, cuja disponibilidade de crédito subirá de R$ 5,4 bilhões para R$ 8,4 bilhões, informou o ministro.

A elevação foi proposta pelo governo, aos demais integrantes do conselho curador, diante da "demanda firme" de R$ 3 bilhões apresentada pelos bancos privados, interessados em repassar os recursos a tomadores finais, informou a secretária de Habitação do ministério, Inês Magalhães . Segundo ela, isso representa uma mudança de postura. Todos os anos, muitas instituições privadas se habilitam a atuar como agentes financeiros do FGTS. Mas nunca apresentam demanda firme em valores relevantes.

Para Inês, o interesse dos bancos privados indica uma escassez de recursos oriundos da caderneta de poupança, diante do crescimento da procura da clientela por crédito imobiliário. Associado à melhoria do cenário para empréstimos, decorrente da queda das taxas de juros e da maior segurança jurídica dos contratos, após mudanças na legislação, isso aponta para um robusto crescimento do crédito habitacional no próximo ano, acredita ela.

O FGTS pretende destinar mais recursos do que os inicialmente programados também para projetos de saneamento e desenvolvimento urbano. Nesse caso, o orçamento de aplicações em crédito deve subir de R$ 3,15 bilhões para R$ 4,9 bilhões - reforço de R$ 1,75 bilhão.

O conselho curador analisa ainda a proposta de elevar em R$ 250 milhões o volume de financiamentos para projetos de mobilidade urbana em grandes cidades, o que elevaria o montante a R$ 700 milhões. A idéia é focar essas aplicações em obras de corredores de transportes coletivos, para compor o chamado PAC da mobilidade urbana, disse o ministro, numa alusão ao Programa de Aceleração do Crescimento .

Os R$ 14 bilhões do orçamento de crédito não incluem o R$ 1,5 bilhão que o FGTS pretende destinar a subsídios em 2008, esclareceu Inês Magalhães. Os subsídios viabilizam a destinação de parcela dos financiamentos habitacionais a populações mais pobres.

O ministro Márcio Fortes disse que o reforço no orçamento de crédito do fundo será feito a partir do remanejamento de aplicações financeiras. Ele destacou que, com a queda da taxa básica de juros, essas aplicações têm rendido cada vez menos e que o fundo pode ter retorno maior financiando projetos de saneamento, habitação e desenvolvimento urbano.

O conselho curador também discute, na reunião de hoje, a política de investimentos e o regulamento do Fundo de Investimento em Infra-estrutura do FGTS (FI-FGTS), informou Márcio Fortes. Esse fundo, cujas operações serão apartadas das operações normais, foi criado para investir R$ 5 bilhões do patrimônio líquido do FGTS em projetos nas áreas de transportes, saneamento e energia.