Título: Volks destina R$ 1 bilhão para caminhões
Autor: Manechini , Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2007, Empresas, p. B6

Cortes, presidente da divisão de caminhões e ônibus da Volks, quer brigar pela liderança nos extra-pesados e leves A Volkswagen Caminhões e Ônibus anunciou ontem ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que fará investimento de R$ 1 bilhão no Brasil até 2012 para expandir sua capacidade de produção na fábrica de Resende (RJ) e desenvolver novos produtos, entre eles microônibus, caminhões de até cinco toneladas, extra-pesados e, possivelmente, vans. Além do plano de investimento de quatro anos, a montadora informou ao Valor que, no início de 2008, irá contratar cerca de 400 funcionários para a unidade e que pretende incrementar em 18% o faturamento bruto, previsto para encerrar 2007 em R$ 5,5 bilhões.

Outra meta divulgada, esta de longo prazo, é de chegar a uma produção de 100 mil unidades no país até 2018. Neste ano, a produção será de 47,5 mil unidades e para o ano que vem a projeção é de, no mínimo, 52 mil. Os dados incluem os veículos exportados. Do total anunciado, cerca de R$ 500 milhões serão destinados ao desenvolvimento das novas linhas de veículos leves e extra-pesados.

Sem dar maiores detalhes sobre a aplicação dos recursos, o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Antonio Roberto Cortes, disse que aproximadamente 50% do montante será utilizado nos novos produtos. "Esse é o nosso foco". Na linha da montadora existem motores de até 370 cavalos. A idéia, de acordo com ele, é ter modelos com até 600 cavalos de potência.

Os outros R$ 500 milhões serão divididos em expansão da fábrica de Resende, aperfeiçoamento de tecnologias como a do biodiesel e em pesquisa e desenvolvimento. "Vamos buscar motorizações mais eficientes, com maior desempenho e menor emissão de poluentes". Parte do investimento deve ser realizado pelos fornecedores da empresa em Resende, já que a montadora adota o sistema 'consórcio modular' de produção.

O objetivo da Volkswagen é que os novos modelos representem de 15% a 20% das 100 mil unidades imaginadas para daqui a dez anos. "O restante virá das linhas já produzidas pela fábrica de Resende", afirmou.

"Ainda temos capacidade para ampliar a produção, mas como os planos prevêem mais que duplicar a mesma, teremos de investir para atingir a meta", declarou Cortes. Hoje, a fábrica de caminhões e ônibus da montadora trabalha em dois turnos.

Segundo ele, a frota de caminhões do país tem idade média de 17 anos, quando a média nos países desenvolvidos é de oito a nove anos. Aliado a isto, o executivo estimou a continuidade do crescimento econômico do país nos próximos anos como base para os planos de expansão da companhia.

As previsões do executivo colocam a unidade brasileira, a primeira a produzir caminhões da marca Volkswagen, como base de exportação para países emergentes. "A ida para a Colômbia, África do Sul e México foram testes para que isto se concretize". Os próximos destinos serão China, Índia e Rússia.

"A linha Constellation já está adaptada às exigências dos Brics", confirmou. E acrescentou: "Queremos os mercados emergentes e os Brics são os maiores."

Os dados preliminares da empresa para 2007 indicam crescimento de 7,5% nas vendas para o exterior, passando de 9.863 unidades em 2006 para 10,6 mil, neste ano. Apesar da depreciação do dólar frente ao real, o faturamento bruto das exportações cresceu 35% por conta de ajustes de preços, totalizando US$ 400 milhões.

Na meta para 2018 consta que as exportações terão peso de 30% na produção total da companhia. Para o ano que vem, o crescimento estimado é de 12%, o que significa receita bruta em torno de US$ 450 milhões.

De outubro até ontem, boa parte das montadoras presentes no país anunciaram investimentos superiores a R$ 700 milhões em aumentos de produção. A Ford Caminhões comunicou plano de aplicar R$ 300 milhões no Brasil até 2012 e a Iveco R$ 375 milhões na América do Sul até 2011. A Agrale, por sua vez, comunicou intenção de investir R$ 25 milhões no país. Mercedes-Benz, Volvo e Scania ainda não informaram seus planos de investimentos no país.