Título: Union Capital Agro cria negócio para levar à bolsa
Autor: Graziella Valenti
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2007, Empresas, p. B13

O setor de agronegócios é uma das promessas para o mercado de capitais nos próximos anos. A crença dos especialistas é que as atividades desse segmento econômico ainda não estão integralmente refletidas pelas empresas listadas na Bovespa. Até o momento, apenas os segmentos de açúcar e álcool e os frigoríficos utilizaram a bolsa como fonte de recursos.

Mas, no que depender de Moacir Ferreira Teixeira e de Maurício Moshe Kattan, o setor será ativo no próximo ano e nos demais. Além de terem lançado a distribuição de quotas de um fundo de investimentos em direitos creditórios para o setor agrícola, o Union Capital Agro, os sócios criaram recentemente a empresa Union Geração Terra.

A companhia, embora ainda sem atividade, já foi constituída de acordo com o modelo do Novo Mercado da bolsa paulista, visando a abertura de capital no futuro. Mas a empresa, ainda uma sociedade de capital fechado, somente irá à Bovespa dentro de um a três anos, quando o negócio tiver ativos a apresentar aos investidores.

"Houve gente que fez o contrário. Primeiro fez a empresa e a captação, para depois adquirir os ativos. Mas há todo um custo de manutenção, além da necessidade de apresentação de resultados", disse Ferreira Teixeira, referindo-se à BrasilAgro, que em 2006 levantou R$ 583 milhões para exploração imobiliária de áreas do campo.

A atividade principal da Geração Terra será o cultivo e manutenção de áreas florestais. Mas também poderá atuar na comercialização e plantio de produtos agropecuários, em terras próprias ou de terceiros. A sociedade foi constituída no fim de outubro com um capital inicial de R$ 10 mil. Segundo o sócio fundador, o diferencial das áreas que forem adquiridas e cultivadas pela companhia será o foco em sustentabilidade, com manutenção de boa parte do espaço com florestas originais. Até o momento, duas áreas no Sudeste do país já foram compradas.

Com o fundo, os sócios pretendem obter R$ 530 milhões, que serão usados para repasse a produtores, promovendo a interação com o mercado de capitais e desenvolvendo e estruturando operações financeiras para esse segmento.

Tanto o fundo, como a Geração Terra estão sob o guarda-chuva da companhia original, a Union Capital Agro, criada no começo deste ano e que deu nome ao portfólio de direitos creditórios. A empresa é resultado da junção da Ecoagro - Empresa de Consultoria de Operações Agropecuárias, de Teixeira, executivo com grande experiência no mercado financeiro e na concessão de crédito agrícola, e da Unpar, de Maurício Moshe Kattan.

Além da constituição do fundo e da Union Geração Terra, a Union Capital Agro atua na consultoria e assessoria de negócios na área de agrícola, na estruturação de operações com títulos de financiamento desse segmento e ainda na elaboração de estudos e projetos econômicos financeiros. "O setor é muito carente. Você sabe que 70% dos produtores rurais não têm sequer conta bancária", comenta Teixeira.

Nos últimos três anos, o agronegócio girou R$ 9,6 bilhões com ofertas de ações na Bovespa, considerando novas empresas e operações realizadas pela Perdigão. Desse montante, R$ 8,4 bilhões foram obtidos por emissões primárias - dinheiro para o caixa do negócio. Do total das operações, R$ 2,8 bilhões foram levantados por usinas de cana e biodiesel e R$ 3,0 bilhões, por frigoríficos.