Título: Maioria dos multimercados perde do CDI no 2º semes
Autor: Pavini , Angelo
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2007, EU & Investimento, p. D2

Olhar a rentabilidade passada não é garantia de ganhos futuros. A máxima, obrigatoriamente estampada em todos os fundos de investimento, provou-se verdadeira para os multimercados neste ano, que foram do paraíso no primeiro trimestre ao inferno no segundo por conta do aumento da turbulência. Estudo do site Fortuna com 232 fundos mostrou que apenas 48, ou 21% do total, conseguiram manter o ganho acima do juro interbancário CDI no primeiro e no segundo semestre. A maioria, 155, ou 67%, superaram o CDI no primeiro semestre, e ficaram abaixo dele no segundo. E há ainda outros 24, ou 20% do total, que perderam tanto no primeiro quando no segundo semestre para o CDI. Cinco fundos estavam na ponta contrária do mercado, e perderam no primeiro trimestre, mas ganharam do CDI no segundo.

Com base nesses números, a recomendação para o investidor é selecionar ainda mais os gestores, afirma Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. O cenário de instabilidade previsto para 2008, pelo menos no início do ano, exigirá maior perícia dos gestores. E o desempenho de 2007 já poderá servir de base para essa escolha.

D'Agosto espera que a diversificação dos investidores continue no ano que vem. Em 2007, os multimercados lideraram a captação, com R$ 36,5 bilhões. Mas os principais investidores desses fundos tender a ser os de alta renda. "Em 2008, devemos continuar vendo diversificação em multimercados de grandes investidores", afirma ele. "No varejo, o mais provável é uma combinação de fundos de renda fixa com taxas de administração menores e fundos de ações mais diversificados."

Em 2008, os gestores dos multimercados devem ficar mais cautelosos, afirma Roseli Machado, responsável pela Fator Asset Management (FAR). "Muitos fundos hedge mais agressivos perderam dinheiro no segundo semestre e devem reduzir a exposição ao risco", diz. Mesmo assim, a migração da renda fixa para variável vai continuar.

A tendência é de os fundos de renda fixa e os mais conservadores DIs continuarem perdendo importância, enquanto crescem os multimercados, ações e previdência, afirma Gustavo Franco, presidente do Conselho de Administração da Rio Bravo. Franco hoje responde pela área de renda fixa e multimercados da gestora. "Considerando os últimos cinco anos, os fundos de ações cresceram bastante, já representam uma parcela expressiva, de 12%, de um setor de fundos com mais de R$ 1,1 trilhão, assim como os de previdência aberta, com 8%", diz ele. "Tem muita coisa acontecendo de novo no setor e mesmo outros ativos alternativos, como os fundos de participação (private equity), fundos imobiliários e de recebíveis devem se destacar."

Por conta dessa tendência, afirma Franco, a Rio Bravo está estruturando uma família de multimercados. "O cliente está tentando se adaptar a um ambiente de juros menores, prazos mais longos, hoje não dá para ganhar um CDI inteiro e ainda ter liquidez diária", afirma.