Título: Latinos vendem menos para americanos
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2008, Brasil, p. A4

O Tio Sam está menos afoito na hora de ir às compras no exterior, principalmente na vizinhança. Não é só o Brasil que enfrenta dificuldades para aumentar as vendas para os Estados Unidos. Com exceção da Bolívia, todos os países da América Latina tiveram desempenho pior no mercado americano do que no restante do mundo, revela relatório produzido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Estimativas preliminares do banco apontam que Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela registraram queda nas exportações para os EUA no ano passado. Em relação a 2006, a baixa foi de, respectivamente, 4%, 6%, 6%, 21%, 12,5% e 6%. A maioria desses países obteve um bom desempenho nas vendas totais para o exterior. As exportações da Argentina para o mundo cresceram 17,6%.

Impulsionadas pela alta dos preços do cobre, as exportações totais do Chile subiram 19,5% em 2007 ante 2006, embora com queda para os EUA. Nem mesmo o acordo de livre comércio entre os dois países foi capaz de incrementar o intercâmbio. Os dados do BID ainda não captam o recém-aprovado acordo de abertura de mercados entre EUA e Peru.

A apreciação das moedas nacionais do continente está prejudicando a competitividade dos produtos latino-americanos no maior mercado do mundo. Outro fator determinante é a desaceleração da economia dos EUA, contaminada pela crise no mercado imobiliário do país.

De acordo com Maurício Moreira Mesquita, economista do BID, o Brasil - que esteve longe de ter um desempenho brilhante - foi um dos países que ajudou na performance da região. As vendas do Brasil para os EUA cresceram 1,8% em 2007 ante 2006, um ritmo inferior ao registrado em anos anteriores e à alta de 16,6% das exportações totais.

Mesmo as exportações do México para os Estados Unidos cresceram apenas 3,5%. Por conta do Acordo de Livre Comércio das Américas (Nafta) e da extensa fronteira, o país direciona cerca de 90% de suas exportações para o mercado americano. As vendas do México para os países da América Latina, embora ainda representem uma fatia reduzida do total, subiram mais de 30% no ano passado. Com a economia americana crescendo menos, a concorrência com produtos chineses se tornou ainda mais acirrada nos EUA, um problema para todos os países da região, mas principalmente para os mexicanos.

As exportações da América Latina para o mundo cresceram 11% em 2007, atingindo US$ 715 milhões, apesar da fraca performance no mercado americano. É o quinto ano consecutivo de alta, mas o ritmo está mais lento do que a média de 20% registrada nos três anos anteriores. As exportações entre os países da região cresceram 18%, contra apenas metade disso no mercado extra regional. A participação do comércio dentro do próprio continente nas vendas totais cresceu de 16,2% em 2006 para 17,3% no ano passado. (RL)

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