Título: Chuvas elevam nível de reservatórios
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2008, Brasil, p. A3

As chuvas recentes aliviaram bastante a situação dos reservatórios de hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Ao longo do feriado de Carnaval, de sexta a terça-feira, o volume de água armazenada subiu quase quatro pontos percentuais e alcançou 54,5% da capacidade máxima, praticamente voltando à margem mínima para operação do sistema elétrico com plena segurança. Esse nível havia sido rompido na semana retrasada.

No Sudeste e no Centro-Oeste, que constituem um único subsistema para efeito de administração do setor, as chuvas dos cinco primeiros dias de fevereiro chegaram a 120% da média histórica (últimas sete décadas), invertendo uma tendência de baixas precipitações verificada desde outubro do ano passado. Com a situação mais confortável, o Sudeste e o Centro-Oeste começaram a "exportar" energia para a região Sul, onde os reservatórios têm diminuído. Na terça-feira, foram enviados 1.200 megawatts (MW) médios. O reforço do sistema de transmissão tem sido uma das principais apostas do governo para evitar os riscos de apagão.

Na região Nordeste, os reservatórios subiram três pontos percentuais no feriado e atingiram 33,7% da capacidade máxima, mas a situação ainda é crítica em algumas represas, como a de Sobradinho, onde a vazão liberada para o rio São Francisco já foi reduzida, no intuito de conter seu esvaziamento. No Norte, que começou o mês com seus reservatórios em 30% do nível máximo, o patamar aumentou para 32,6%.

À exceção do Sul, no entanto, todas as regiões continuam com armazenamento de água menor do que o nível registrado no ano passado. A quantidade de chuvas não é o único problema. Apesar da orientação recente à Petrobras para desviar parte do gás natural usado em consumo próprio para as termelétricas, continua faltando insumo para várias usinas - Norte Fluminense, Ibirité, Mário Lago e Termo Rio deixaram de gerar a energia pedida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por falta de gás em quantidade suficiente.

Para reforçar a geração de energia, desde ontem a usina Mário Covas, em Cuiabá, está apta a operar com utilizando óleo diesel como combustível. A usina, responsável por mais da metade do abastecimento da capital mato-grossense, está inativa há várias semanas devido à falta de gás natural. O abastecimento é proveniente da Bolívia e o governo do país vizinho já declarou que não tem como honrar o contrato.