Título: Para disseminar a casa digital, Senna aposta no celular
Autor: Rosa, João Luiz
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2008, Empresas, p. B2

Sergio Zacchi / Valor Leonardo Senna, da Ihouse: projeção de retorno financeiro em dois anos No início da década, Leonardo Senna estava decidido a construir um condomínio de casas digitais no Brasil. "Na época, visitei várias feiras de automação no exterior, mas percebi que não havia muitas novidades disponíveis", conta o empresário. Foi então que surgiu outra idéia: criar uma empresa especializada no desenvolvimento de sistemas de automação para moradias de alto padrão.

Desde então cerca de US$ 10 milhões foram aplicados na companhia, batizada de Ihouse, diz Senna. A maior parte do investimento, baseado em recursos próprios, foi dirigida às atividades de pesquisa e desenvolvimento. "Precisamos criar matrizes para produtos que dependem fortemente de injeção eletrônica", justifica o empresário. A criação de software também ficou com parte significativa dos recursos. O resto foi para o marketing.

Agora, depois de um período de desenvolvimento de cinco anos, Senna planeja reforçar a estratégia comercial, com a disseminação mais ampla dos produtos. "Projetamos um retorno financeiro para dois anos no máximo, mas podemos chegar a esse ponto ainda em 2008", diz ele. As vendas começaram efetivamente há pouco mais de seis meses, com foco nas incorporadoras de prédios de altíssimo padrão, aqueles cujos apartamentos custam entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. Desde então, os preços caíram e parte dos produtos ficou disponível a um público com outra faixa de renda, mas que tem condições de gastar R$ 1 milhão em um apartamento.

São Paulo é o principal mercado para a Ihouse, diz Senna, mas a companhia estuda oportunidades em outros lugares. É o caso da região Nordeste, onde cresce a oferta de condomínios residenciais de luxo para estrangeiros.

Para convencer o consumidor a investir no conceito da casa digital, os engenheiros da Ihouse concentraram seus esforços em permitir que o controle da residência seja feito à distância por meio de um dispositivo conhecido de todo mundo: o celular. Com um controle do telefone, o usuário pode encher a banheira enquanto está parado no trânsito ou regular a temperatura do chuveiro. A iluminação, as persianas e o ar-condicionado também podem ser acionados pelo celular.

No caso das portas, o usuário pode cadastrar as impressões digitais - próprias ou de convidados - como senha de acesso. Também é possível entrar e sair da casa por meio de uma senha, registrada à distância. "Suponha que você está em Nova York e recebe o pedido de um amigo para usar sua casa no fim de semana. De onde estiver, você cadastra uma senha para essa pessoa, pelo celular", afirma Senna.

Além da automação residencial, o empresário planeja atuar em outro segmento: o de barcos. "Na área náutica também havia uma lacuna. Como já tínhamos a base (tecnológica) residencial, fizemos novos desenvolvimentos e adaptamos os produtos para esse mercado", conta Senna.

O resultado do trabalho, que levou cerca de um ano para ficar pronto, também é destinado a um público restrito: o dos compradores de barcos de grande porte, que custam mais de US$ 1 milhão. Como nas casas, o celular é a estrela do sistema. O navegador pode usar o telefone para virar o barco, além de conferir informações como nível de combustível, posição geográfica da embarcação etc.

A Ihouse já equipou um barco com sua tecnologia e outros estão a caminho, diz Senna. "Estamos negociando com os estaleiros para que os barcos saiam com os produtos de série." No mercado náutico, que é restrito no país, um dos planos em avaliação é partir para a exportação de tecnologia. A equipe da Ihouse identificou 60 fabricantes internacionais de barcos de 50 pés, as lanchas capazes de comportar duas suítes e que formam o público-alvo no segmento.

O grupo Senna, da família do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, foi representante da marca alemã de automóveis Audi no Brasil durante 11 anos. A parceria terminou em março de 2005, quando a Audi comprou os 49% de participação do grupo brasileiro na sociedade Audi Senna.

Leonardo Senna é o proprietário único da Ihouse, fundada no ano 2000, mas para atuar em outro mercado - o de TVs com tela de cristal líquido - ele preferiu buscar um sócio internacional: o grupo Syntax Brillian. O resultado do acordo é a empresa Ölevia Senna, cujos planos incluem a produção local, a partir deste ano, dos aparelhos da marca Ölevia. "Ainda estamos no começo", afirma Senna.

A Syntax Brillian é uma companhia listada na Nasdaq, que registrou vendas globais de US$ 697,6 milhões em seu ano fiscal mais recente, encerrado em junho. Além da Ölevia, o grupo também controla a marca de câmeras digitais Vivitar.

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