Título: Venda de remédios é recorde e fica perto dos US$ 10 bilhões em 2007
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2008, Empresas, p. B6

Impulsionada pelo crescimento da renda da população, pelo avanço dos medicamentos genéricos e por um câmbio estável e forte, as vendas da indústria farmacêutica brasileira devem atingir, pela primeira vez, a marca de aproximadamente US$ 10 bilhões no ano passado.

Para 2008, o IMS Health prevê um crescimento de 12% a 13% para os chamados "pharmerging", o neologismo dado pela principal empresa de monitoramento das vendas globais da indústria farmacêutica aos países de rápido crescimento como Brasil, China, México, Coréia, Índia, Rússia e Turquia. Os números do IMS Health contabilizam apenas as vendas em canais privados, como farmácias e drogarias, excluindo as receitas originadas com as vendas ao governo, hospitais e clínicas.

Esses mercados vão alcançar vendas entre US$ 85 bilhões a US$ 90 bilhões em 2008, o que levou o IMS Health, em recente conferência, a apontar que esses mercados já devem responder por um quarto das vendas farmacêuticas globais. Os sete maiores mercados, puxados pelos Estados Unidos, Japão e países europeus, representam metade do comércio de remédios, mas já deram contribuições muito mais elevadas.

Segundo o IMS Health, os mercados maduros, de forma geral, começam a sofrer maiores restrições e falta de dinamismo. Produtos líderes terão suas patentes vencidas em grande mercados, como é o caso dos remédios Risperdal (da Janssen-Cilag, para o tratamento de distúrbio psicótico); Fosamax (da Merck, contra osteoporose); Topamax (da Janssen-Cilag, contra epilepsia); Lamictal (da GlaxoSmithKline, para tratamento de transtorno bipolar); e Depakote (da Abbott, também contra o transtorno bipolar).

O uso mais intenso dos remédios genéricos - alguns dos produtos que perderão a patente nos grandes mercados já são comercializados na forma de genérico no Brasil - farão este mercado crescer mais de US$ 70 bilhões em 2008. Contribui ainda para redução do crescimento nos mercados desenvolvidos os controles e pressões sobre os preços e uma limitação por parte das seguradoras nos tratamentos de certas doenças.

A indústria farmacêutica também não tem conseguido lançar inovações, na mesma velocidade registrada no passado, capazes de compensar a perda com o ingresso dos genéricos no mercado. Por conta disso tudo, a indústria dos Estados Unidos e em mais cinco países europeus (Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha) deve crescer entre 4% e 5% durante todo este ano. O Japão terá um crescimento ainda menor, com o setor registrando uma expansão de apenas 1% a 2%.

Países como o Brasil podem ganhar maior atenção das indústrias multinacionais, que importam muito. Os dados mais atuais auditados pelo IMS Health indicam que as vendas do setor farmacêutico no Brasil chegaram a US$ 9,88 bilhões nos 12 meses encerrados em outubro, uma alta de 10% sobre igual período anterior. Em 2007, o país deve ficar em 9º lugar.

A indústria brasileira demorou quase uma década para recuperar o nível de vendas de 1998, quando elas chegaram a US$ 7,8 bilhões. Vale lembrar que a indústria vendeu, em 2002, ano da última grande desvalorização do real, US$ 3,89 bilhões, ocupando a 12ª posição no ranking mundial do setor farmacêutico.