Título: Companhias médias estão no foco das consultorias
Autor: Torres, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2008, Empresas, p. B3

O crescimento dos resultados das empresas de auditoria e consultoria em 2008 será sustentado não apenas pelas companhias abertas, que precisam começar a se adaptar ao padrão internacional de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês), mas também pelo segmento de companhias fechadas de porte médio, que cada vez mais procuram os serviços desses especialistas para se preparem para uma gestão profissionalizada.

"Existe um número muito grande de empresas com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões que têm procurado os serviços de auditoria e consultoria. Elas vêem essa onda de aberturas de capital em bolsa e também querem participar", de acordo com David Bunce, presidente da KPMG.

E, antes de preparar um processo como esse, muito trabalho precisa ser feito. "Um projeto desses se concretiza com a ofertas inicial de ações, mas começa muito antes. A gente precisa verificar o estágio de desenvolvimento de controle e governança da empresa, para saber se ela está pronta ou se precisa de adaptação", diz Alcides Hellmeister Filho, presidente da Deloitte.

Segundo Otavio Maia, sócio líder de serviços de consultoria da PricewaterhouseCoopers (PwC), essas companhias precisam rever os processos internos para ficarem mais eficientes antes de ir ao mercado. Nesse caminho, ele destaca a necessidade de redução de custos para tornar as companhias mais competitivas internacionalmente.

"Ajudamos a empresa a comprar, terceirizar processos, rever a cadeira de suprimentos e logística, entre outras coisas", afirma Maia, lembrando que muitas companhias também decidem adotar sistemas eletrônicos de gestão conhecidos por ERP (Enterprise Resource Planning), que os softwares desenvolvidos por companhias como SAP e Oracle.

Além da assessoria para a área de controle, as companhias médias também estão buscando apoio profissional para tomar decisões estratégicas, como a escolha entre fazer mesmo uma oferta inicial de ações em bolsa, vender a companhia para um concorrente, ou receber um aporte de recursos de um fundo de private equity.

Nesse processo, elas também passam a ser auditadas (serviço que acaba sendo feito por outra firma, já que aquela que prepara a organização da empresa não pode auditar os números que ela mesma ajudou a produzir), gerando mais horas de serviço.

E o próprio volume crescente de ofertas iniciais de ações gera demanda por outros trabalhos num efeito cascata.

Como a maioria das companhias que abre o capital parte para a compra de rivais no momento seguinte, as áreas de assessoria financeira das consultorias estão em alta, segundo os executivos.

"Em 2004, essa área representava 20% da receita da empresa, e hoje esse índice é de 35%", segundo Maia, da PwC.

A área de assessoria financeira também contribuiu para a expansão da KPMG, com aumento de 60% nos negócios da empresa até setembro do ano passado, o dobro do ritmo do crescimento da companhia como um todo, que foi de 30% no período. (FT)