Título: Com medo da inflação, governo reduz a zero alíquota de importação do trigo
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2008, Brasil, p. A2

Ruy Baron/Valor Edilson Guimarães: suspensão temporária da tarifa de importação do trigo é suficiente para atender a demanda do país Preocupado com a possibilidade de faltar trigo no mercado, o que poderia provocar mais inflação, o governo publicou ontem resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizando a importação de 1 milhão de toneladas do produto, sem imposto de importação, de países que não integram o Mercosul. A medida vale até 30 de junho.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, explicou que os limites da medida são suficientes para atender à demanda nacional e, ao mesmo tempo, preservar o estímulo aos produtores brasileiros. Ele informou que a safra do período 2007/2008, colhida no segundo semestre do ano passado, foi de 3,8 milhões de toneladas. Como o consumo anual é de 10,2 milhões de toneladas, a importação é indispensável.

Guimarães afirmou que o governo ainda espera comprar 500 mil toneladas do seu principal fornecedor, a Argentina. Portanto, nas suas contas, é suficiente a suspensão temporária da tarifa de importação para 1 milhão de toneladas até junho, quando entra no mercado o trigo nacional. Os principais fornecedores de trigo fora do Mercosul são Canadá e Estados Unidos.

Em 29 de janeiro, os sete ministros que integram a Camex adiaram a redução a zero da tarifa de importação de trigo de terceiros países porque acreditaram na retomada das compras do produto argentino. O governo do país vizinho tinha decretado a suspensão das exportações.

Na semana passada, os argentinos informaram que o Brasil teria direito a importar até 400 mil toneladas por cinco meses. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, isso seria "satisfatório". Mas nota divulgada ontem pela assessoria da Camex informou que a proposta argentina é "insuficiente".

Além da redução de 10% para zero no caso do trigo, a nova lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul incluiu três itens que tinham tarifa de importação entre 10% e 14% e passarão a pagar carga entre zero e 2%. Caiu de 10% para 2% a tarifa cobrada sobre a importação do óleo de palmiste, vantagem limitada à cota de 37 mil toneladas/ano. De 14%, foi baixado a zero o imposto do polidimetilsiloxano. Também caiu de 12% para zero a tarifa das chapas de aço laminadas a quente.

Deixaram a lista de exceção à TEC as bobinas de aço carbono laminadas a quente, bobinas e chapas finas de aços carbonolaminadas a frio e vergalhões. A importação desses itens pagará tarifa de 12%. A alíquota das bobinas de aço carbono laminadas a quente passou de zero a 10%.

A Camex também informou que a tarifa de importação do sorbitol - insumo usado na fabricação de alimentos, produtos de limpeza e medicamentos - foi reduzida de 30% para 25%. A adiponitrila (produto usado na produção de um tipo mais residente de náilon) foi mantida na lista de exceção, limitado o benefício à cota de 40 mil toneladas/ano. Nesse caso, a alíquota é de 2%.