Título: Vale entra na reta final para fazer oferta pela Xstrata
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2008, Empresas, p. B7

Após fechar o pacote de financiamento de US$ 50 bilhões com um pool de oito bancos, a Vale do Rio Doce espera a palavra final do governo e de seus controladores para fazer uma oferta de compra da Xstrata. Na contagem regressiva para a aquisição da empresa anglo-suiça, a Vale e seus assessores financeiros trabalham na preparação de uma emissão prevista inicialmente em 1,2 bilhão de ações preferenciais do tipo A. Avaliada em US$ 30 bilhões, ela irá compor a estrutura de pagamento do negócio, previsto na faixa de US$ 90 bilhões. Os papéis a serem emitidos para a transação não deverão ter 'tag along' (direito de recebimento do valor pago ao controlador), segundo apurou o Valor.

O montante final da emissão só será conhecido quando a empresa oficializar sua oferta de compra da Xstrata. Nesse momento, ela irá definir a forma de pagamento do negócio. Se os acionistas da anglo-suiça concordarem com a proposta da Vale , em seguida a brasileira lançará a operação de emissão privada de ações no mercado.

Para Ricardo Leal, especialista em governança corporativa e professor da Coppead, a decisão da Vale de emitir PNAs sem 'tag along" para pagar os acionistas da Xstrata não agride a governança da companhia. O problema é a diluição do capital total que pode representar uma perda de dividendos para o acionista. Na avaliação de Leal, as grandes empresas brasileiras, como Petrobras e Vale, terão de considerar seriamente no futuro o uso de 'tag along' para ações sem direito a voto ou mesmo estudar fórmulas de unificação de ações para realmente melhorar as imagens em termos de qualidade de pratica de governança corporativa.

"Se elas querem ser grandes players globais, têm de pôr este assunto na mesa e buscarem se adaptar às práticas atuais do mercado de capitais como vem ocorrendo na Europa". Para Leal, no futuro próximo todas as grandes companhias e até mesmo as 200 menores da Bovespa vão ter que pensar que cada vez mais a presença das preferenciais nas suas estruturas de financiamento por ações no Brasil "passam a ser vistas como coisas de uma outra época, antigas".

Segundo o "Financial Times" de segunda-feira, o banco Merril Lynch foi demitido pela Vale da função de assessor financeiro na operação da Xstrata, que dividia com outra instituição, após ter decidido que não participaria do pacote de financiamento. Segundo o jornal, o Merrill Lynch chegou à conclusão de que "os termos do financiamento não eram economicamente viáveis nem para o banco e nem para os acionistas da Vale."

Até agora, a Vale obteve financiamento do HSBC, Lehman Brothers, Santander, Calyon, Royal Bank of Scotland e BNP Paribas, segundo o jornal inglês. Conforme apurou o Valor, também o Citi e o Credit Suisse aderiram ao pacote. Até quarta-feira passada, quando foi fechada a negociação com o consórcio de bancos , a Merril Lynch ainda participava das negociações. (Com Reuters)

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