Título: Bolsas fecham em forte queda com retração do setor de serviços
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Fonte: Valor Econômico, 06/02/2008, Finanças, p. C2

As bolsas americanas e européias caíram ontem com os temores crescentes de uma cada vez mais provável recessão americana. As bolsas de Nova York sofreram forte queda, após a primeira redução da atividade no setor de serviços nos Estados Unidos em quase cinco anos.

O índice Dow Jones caiu 2,92% e o Nasdaq, das ações de alta tecnologia, 3,08%, para 2.309,57. O índice ampliado Standard & Poor's com as 500 ações mais negociadas teve queda de 3,20%, para 1.336,67 unidades.

"Um índice marcadamente mais fraco que o previsto sobre a atividade nos serviços aumentou os temores sobre uma possível recessão", explicou Al Goldman, analista da AG Edwards.

Em janeiro, o índice ISM de atividade no setor de serviços caiu de 54,4 para 41,9 em janeiro, a maior queda e o menor nível desde outubro de 2001, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, quando a economia americana entrou em recessão.

É também a primeira vez desde março de 2003 que o índice ultrapassa a barreira dos 50, sinal de uma redução da atividade. Esta queda do índice surpreendeu os mercados, que previam 53.

Na segunda-feita, as bolsas americanas já haviam fechado em baixa, arrastadas pelo mau desempenho das ações de empresas financeiras, depois que algumas corretoras retiraram suas recomendações de compra dos títulos da American Express, entre outras companhias, prevendo um desaquecimento do consumo dos americanos se a economia entrar em recessão. O Dow Jones Industrial desvalorizou 108,03 pontos, para 12.635,16.

Lena Komileva, economista da Tullett Prebon, disse que os dados reforçam a noção de que as ações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano ) têm sido inócuas para evitar a recessão, apesar de sua agressividade. "Os cortes de taxas promovidos pelo Fed não são a resposta para essa crise de crédito e não podem prevenir a queda de confiança na economia real", disse.

Na Europa, o indicador ISM que mostrou baixa atividade no setor de serviços reacendeu os temores quanto à economia americana, levando as bolsas de valores européias a encerrar com forte queda ontem. Na sessão, as ações de financeiras e de montadoras lideraram o recuo.

O índice europeu de blue-chips FTSEurofirst 300 fechou o dia em baixa de 3,2%, a 1.313 pontos. Na Europa ocidental, todos os 16 principais índices nacionais ficaram no vermelho.

Em Londres, o índice FTSE 100 fechou em baixa de 2,63%, a 5.868 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX despencou 3,36%, para 6.765 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 3,96%, para 4.776 pontos. Em Milão, o índice Mibtel encerrou em queda de 3,06%, a 25.669 pontos. Em Madri, recuou 5,19%, para 12.814 pontos. Em Lisboa, baixa de 3,48%, para 11.078 pontos.

As bolsas asiáticas também tiveram um dia de fortes perdas, em que pesaram o mal desempenho de papéis do setor financeiro depois que empresas de crédito americanas e bancos tiveram sua recomendação reduzida, semeando temores de que seus problemas possam se espalhar globalmente pelo setor. As bolsas em Tóquio, Hong Kong e Sidney caíram entre 0,8 e 1,5%. O índice MSCI da Ásia Pacífico exceto Japão perdeu 0,6%.