Título: Acionista da Xstrata quer acelerar negócio
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 22/01/2008, Empresas, p. b6

os acionistas da Xstrata estão preocupados com o rumo das negociações com a Vale, segundo fontes do mercado, levando em conta os temores que vêem aumentando no mundo de uma recessão nos Estados Unidos. O temor é de isso possa impactar fortemente os preços das commodities. Uma possível não aprovação da operação de compra da mineradora anglo-suiça pelo conselho da Vale do Rio Doce está causando incerteza nos investidores. A opção por receber ações preferenciais da Vale no negócio está dependendo da fixação dos percentuais em "equity" e em dinheiro aos acionistas da Xstrata.

A Vale confirmou ontem em comunicado distribuído ao mercado estar em entendimentos com a Xstrata, mirando uma potencial aquisição, mas ressaltou que até agora as conversão não chegaram a nenhuma conclusão. A companhia informou estar também olhando outras opções de negócio e conversando com instituições financeiras para apoiá-la "na eventualidade de se concretizar alguma das opções que estão sendo analisadas".

No comunicado, a Vale destaca que "as condições correntes do mercado internacional de capitais representam um grande desafio no contexto de qualquer movimento estratégico de porte".

A presidente executiva da Anglo American, Cynthia Carrol, durante coletiva de imprensa no Rio, para falar sobre a aquisição de ativos da MMX, disse que "o foco da Anglo é a própria Anglo" ao ser indagada sobre o interesse da companhia em entrar na disputa pela Xstrata. Segundo ela, a companhia está mais interessada em fazer investimentos orgânicos e se associar a empresas correlatas que lhe propiciem elevar seus negócios. Perguntada se, no caso, sua resposta era não, Cynthia apenas disse que "nós não fechamos portas".

Para um especialista do setor de mineração, a Anglo mantém o interesse pela Xstrata e espera a Vale fazer um lance para entrar no páreo. "A Anglo quer crescer e não tem dívida e conta com um caixa de US$ 12 bilhões".

Analistas de mineração acreditam que as negociações estão em curso Xstrata e Vale, mas podem não fechar por agora. Rumores de Londres indicam que a anglo-suiça está disposta a acelerar as conversas para que seus acionistas, futuros acionistas da Vale, possam se beneficiar do aumento do minério de ferro.

Mas, há pessimismo no mercado e muitos analistas acreditam que fica difícil para a Vale justificar uma aquisição deste porte para investidores com o risco de uma piora no quadro internacional, cheio de incertezas para os mercados destas companhias.

Ontem, foi um dia de pânico para os mercados. No Brasil, a ação PNA da Vale caiu 11,35% na Bovespa, a maior queda entre as ações do Ibovespa, fechando a R$ 41,55. A ON foi a terceira maior queda, caindo 10,4%, a R$ 46,22. As ações da Xstrata fecharam em Londres a 31,79 libras, com queda de 5,47%.

Os analistas da agência de risco Standard & Poor's, Reginaldo Takara e Milena Zaniboni, disseram ao Valor que ainda é prematuro para qualquer avaliação sobre a nota de grau de investimento da Vale caso adquira a Xstrata, pois não há nada de concreto ainda. Na época da aquisição da Inco, a Vale teve sua nota de rating de grau de investimento rebaixada de BBB+ para BBB com aumento da dívida. A nota continua estável. Eles observam que a Vale "usa mais seu caixa para investir do que para pagar dívida".