Título: Colasuono deve ir para Eletrobrás
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2008, Política, p. A8

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem - 9/3/2006 Colasuono: indicação do ex-prefeito biônico de São Paulo e atual tesoureiro do PMDB paulista, é do presidente nacional do partido, Michel Temer Passado quase um mês da posse do pemedebista Edison Lobão como ministro de Minas e Energia, PMDB e Planalto não acertam a mão nas negociações e apenas dois nomes do partido podem ser confirmados como integrantes do setor elétrico: Miguel Colasuono, indicado pelo presidente do partido, Michel Temer (SP), deve ser confirmado diretor administrativo da Eletrobrás e Jorge Zelada deve ser referendado no Conselho de Administração da Petrobras, em reunião marcada para o dia 29 de fevereiro. Dentre as grandes pendências, que estão sob o pente fino do Planalto, estão a diretoria de projetos especiais da estatal (indicação do senador José Maranhão), a presidência da Eletronorte (indicação do deputado Jader Barbalho) e a presidência da Eletrobrás (Flávio Decat ou José Antônio Muniz Lopes).

As duas primeiras indicações foram vetadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Para a Eletronorte, Jader apresentou o nome de Lívio de Assis, ex-presidente do Detran do Pará. A investigação do Planalto mostrou que ele tem problemas com a Fazenda Nacional e responde a diversos inquéritos na Justiça. Como Assis alegou que as acusações são antigas, Lobão pediu, então, que ele buscasse certidões negativas mostrando que sua situação já estava regularizada. "Assim que ele apresentar isso, creio que não haverá problemas para confirmar sua nomeação", assegurou um líder pemedebista.

Já a questão da Diretoria de Projetos Especiais da Eletrobrás é mais delicada. O senador José Maranhão (PMDB-PB) - presidente da Comissão Mista do Orçamento - indicou seu sobrinho, Benjamim Maranhão para a estatal. Mas ele está envolvido na operação Sanguessuga da Polícia Federal, que investigou denúncias de superfaturamento na compra de ambulâncias. O senador foi avisado e alterou, no final da semana passada, seu apadrinhado: agora vai apoiar Ubirajara Rocha Meira.

No caso da presidência da Eletrobrás, o problema é político. A chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, tenta emplacar Flávio Decat, com o apoio do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho. Ex-presidente da Eletronuclear, Decat enfrenta os afilhados do senador José Sarney (PMDB-AP). Primeiro foi Evandro Coura, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Energia (ABCE). Vetado por ser ligado à iniciativa privada, Sarney indicou José Antônio Muniz Lopes, ex-presidente da Eletronorte.

Um pemedebista que acompanha de perto as conversas acredita que Decat deve ser o escolhido, para que os atritos entre Dilma e o PMDB não se aprofundem ainda mais. "Essa pendenga já se arrastou demais e está desgastante para todo mundo", reclamou uma liderança partidária. Pelo cronograma do partido, a expectativa é de que, antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Antártida prevista para sábado - sejam aprovados os nomes de consenso. Havendo vetos intransponíveis, a lista retorna ao PMDB, que apresenta outras opções. A esperança é de que até o fim de fevereiro tudo esteja resolvido para que, em março, tomem posses os novos nomes do setor elétrico.

Uma parte do problema pode começar a ser resolvido hoje. No início da manhã, Lula deve se reunir com Lobão e o ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro. O próprio Múcio reconhece que o quadro geral não será definido hoje. "O problema não são os nomes, são as periferias deles", deixando claro que, apesar de alguns descontentamentos, só serão confirmados os nomes que tenham plenas condições de serem nomeados.

É o caso de Miguel Colasuono, que teve seu nome referendado pelos órgãos de inteligência do Executivo. No caso de Zelada espera-se que a indicação dele seja analisada pelo Conselho de Administração da Petrobras agora em fevereiro, já que isso não ocorreu no fim de janeiro.

Ontem, Lobão, definiu os nomes de dois secretários para o ministério. O de Planejamento e Desenvolvimento Energético será Altino Ventura Filho, que presidiu a Eletrobrás no fim do governo Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, ele é consultor do Banco Mundial. Já a Secretaria de Petróleo e Gás será ocupada por Djalma Rodrigues de Souza, que hoje ocupa uma diretoria da Petroquisa. (Com agências noticiosas)