Título: Número de homicídios cai no país desde 2004, mostra Mapa da Violência
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2008, Brasil, p. A4

O Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008 mostra queda dos assassinatos no país desde 2004. Segundo a pesquisa, foram mortas 50.980 pessoas em 2003. Em 2004, o número caiu para 48.374, indo para 47.578 em 2005 e 46.660 em 2006. O mapa foi lançado pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla). O diretor-executivo da Ritla, Jorge Werthein, disse que a queda no número de homicídios reflete a campanha do desarmamento e políticas focadas na juventude.

Ele ressaltou, no entanto, que o número total de homicídios ainda permanece muito alto. De 1996 a 2003, antes da queda provocada pela entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, o número de homicídios cresceu 22% na população em geral e 50% entre os jovens. De 2004 a 2006, a queda na população total foi de 5,8% e entre os jovens, de 13%.

Ontem, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse que a campanha do desarmamento será retomada neste ano, provavelmente a partir de fevereiro. Segundo ele, o governo reabrirá o prazo para a regularização ou entrega de armas. Na opinião do governo, a campanha foi decisiva para a redução do número de homicídios no país.

O autor do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, comemorou o anúncio da volta da campanha do desarmamento. Ele disse que a campanha foi responsável direta pela queda de homicídios até 2005 e que o efeito em 2006 já é residual. "É o melhor anúncio do dia. É uma medida que está dando certo, por que vai parar?", perguntou.

O estudo mostra ainda que as 556 cidades com maiores taxas de homicídio no país concentraram 73,3% dos assassinatos no Brasil em 2006. São municípios de grande porte, com média de 143,9 mil habitantes, que concentram 44,1% da população brasileira.

No Rio de Janeiro, 43 municípios estão entre os 10% com maiores taxas do país. Eles concentram 96,55 dos assassinatos no Rio, o maior índice num Estado, à exceção do Distrito Federal, onde todas as mortes são contabilizadas como se tivessem ocorrido em Brasília e não nas cidades-satélites. Dos 6.286 homicídios no Estado do Rio, 6.069 ocorreram nos 43 municípios.

A cidade de Coronel Sapucaia (MS) tem a taxa média de homicídios mais alta do país, com 107,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Colniza (MT) aparece em segundo lugar, com 106,4. Recife está em nono lugar (90,5) e é a primeira capital da lista. Macaé aparece em 15º lugar e é o primeiro município fluminense da lista.

A taxa registra a média de assassinatos nos últimos 3 a 5 anos, conforme o número de habitantes. Em cidades recém-criadas, onde não havia dados anteriores, foram considerados períodos de dois anos. Já em números absolutos, a cidade de São Paulo lidera o ranking, com 2.546 homicídios (taxa 23,7), seguida pelo Rio de Janeiro, com 2.273 (37,7). Tanto São Paulo quanto o Rio tiveram queda nos homicídios entre 2002 e 2006. Em São Paulo, a redução foi de 54%, de 5.575 para 2.546. No Rio, a queda foi de 39%, de 3.728 para 2.273 no mesmo período.

O Rio é a cidade com maior número absoluto de morte de jovens (1.052 jovens em 2006). Os municípios com maiores taxas de homicídios juvenis (média dos últimos anos) são Foz do Iguaçu (PR), com média 234,8, e Recife com 214,3. Duque de Caxias aparece em 8º e é o primeiro município fluminense da lista, com taxa 176,8.