Título: Yahoo e Google costuram parcerias de olho no celular
Autor: Borges, André ; Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2008, Empresas, p. B3

Davilym Dourado/valor Martin Piombo, vice-presidente do Yahoo: "Este será um ano de aprendizado para nós em negócios de mobilidade" O impasse nas negociações com a Microsoft não fez com que o Yahoo paralisasse suas operações, principalmente no Brasil. A subsidiária brasileira do portal começa a costurar acordos no Brasil para levar seus serviços para celulares com acesso à internet. Nos próximos dias, conforme adiantou ao Valor Martin Piombo, vice-presidente da área de mobilidade do Yahoo para a América Latina, o portal estréia uma parceria com a Vivo, que passará a oferecer o Vivo Busca, serviço baseado na ferramenta Yahoo OneSearch.

O anúncio, segundo o executivo, faz parte de um acordo global firmado com o Grupo Telefónica, que compartilha o controle da operadora brasileira com a Portugal Telecom.

Outra parceria começa a ser traçada com a Claro, que nos próximos meses também passará a oferecer os serviços do site para seus usuários de telefonia celular. Como no caso da Vivo, trata-se de mais um desdobramento de negociações feitas fora do país, desta vez com a América Móvil, controladora da Claro.

Os acordos soam como uma reação às recentes investidas do rival Google, que recentemente anunciou uma parceria com a TIM. Usuários da operadora poderão acessar o conteúdo do YouTube, site de compartilhamento de vídeos adquirido pelo Google em 2006. Também está prevista a disponibilidade do mecanismo de buscas e do site de relacionamentos Orkut nos celulares da operadora.

"O que o Google anunciou foi um simples link de alguns serviços para os usuários de uma operadora. Nossa proposta é mais ousada e estratégica", diz. "Não estamos falando de levar a busca do computador para o celular. Trata-se de um serviço diferenciado para um equipamento diferente, em que o comportamento e as motivações do usuário também são outras."

O Yahoo, segundo o executivo, passou dois anos investindo em sistemas para adequar seus serviços a equipamentos portáteis. O recurso de busca, por exemplo, usa filtros de dados mais refinados que aquele aplicado na navegação tradicional do PC para levar à tela do celular três ou quatro resultados com alta probabilidade de atender o que o usuário procura.

Nos próximos dias, o Yahoo lança uma campanha publicitária voltada a esses dispositivos. "Estamos falando de algo muito novo, de uma tendência, por isso acredito que 2008 será um ano de aprendizado para nós em negócios de mobilidade", afirma Piombo. "Acredito que 2009 será um ano mais forte para esse mercado."

A aposta de concentrar serviços em mobilidade pode ajudar a devolver ao Yahoo a identidade que o portal acabou perdendo nos últimos anos. Embora continue a ser o endereço de internet mais acessado no mundo, o portal acabou ficando na sombra de empresas como o Google, que assumiu a liderança absoluta em serviços de busca; e a Microsoft, que conseguiu transformar seu MSN em sinônimo de comunicação instantânea.

A dificuldade de entender o posicionamento atual do Yahoo fica explícita nas próprias colocações de Piombo. Pedido para classificar, em poucas palavras, o que é hoje o Yahoo, o executivo gasta alguns minutos falando. Por fim, tenta resumir seu raciocínio: "O Yahoo ainda é a maior marca da internet do mundo, isso não mudou. Passamos por toda a turbulência da bolha e saímos do outro lado com uma operação robusta." E prossegue: "Vivemos os efeitos econômicos e de concorrência e reagimos a eles, mas os valores da empresa não mudaram. As áreas que somos fortes, como comunidades, e-mail, busca e mensagens eletrônicas, continuam a ser as mais importantes para nós."

O futuro do Yahoo, segundo o executivo, passa pela oferta de uma plataforma aberta de sistemas, capaz de operar serviços em qualquer tipo de equipamento e plataforma operacional. "Já demonstramos nossa capacidade de crescimento e de mudança", diz o executivo. "E vamos continuar apostando nisso, acertando e corrigindo o que for necessário."

As investidas no mercado brasileiro é um reflexo do movimento que acontece fora do país. Nos últimos dias, as empresas de buscas na fecharam uma série de acordos com operadoras e fabricantes de celular. Ontem o Google perdeu para o Yahoo o posto de parceiro preferencial de serviços de internet para a T-Mobile na Europa. "A decisão da T-Mobile de trabalhar com o Yahoo é uma demonstração clara da força de nosso mecanismo líder buscas nas redes móveis", afirmou o vice-presidente do Yahoo Marco Boerries. O anúncio foi feito durante o Mobile World Congress, em Barcelona.

O Google reagiu, e divulgou uma parceria com a fabricante de telefones Nokia. Alguns modelos da companhia finlandesa terão um link para o mecanismo de pesquisas na web da companhia americana. A Nokia já tinha acordo semelhante com o Yahoo.

A parceria veio num momento em que a Nokia pretende, ela própria, tornar-se uma provedora de serviços no celular. Anteontem, a companhia lançou um portal de internet que funcionará como um gerenciador de conteúdos pessoais (músicas, fotos, vídeos etc.) e de aparelhos equipados, por exemplo, com navegadores de mapas para carros e pedestres, baseados em GPS, sistema de localização via satélite (GPS).

Enquanto isso, o Google - que tem parcerias com operadoras como Vodafone e Airtel (Índia) - trabalha no desenvolvimento de uma plataforma operacional para celulares. A empresa lidera um consórcio chamado Android, que reúne outras companhias de telecomunicações e tecnologia.