Título: Brasil responde por um terço do crescimento global de vendas da GM
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2008, Empresas, p. B8

A subsidiária brasileira da General Motors conseguiu criar um ambiente altamente favorável para voltar a pedir à matriz a autorização para mais investimentos. Os lucros da região que abrange o país atingiram no ano passado US$ 1,3 bilhão, um valor que ficou 140% acima da lucratividade do ano anterior.

Foi o melhor resultado financeiro da história da região, conseqüência, principalmente, do fortalecimento das economias dos países da América do Sul, segundo avalia o presidente da GM no Mercosul, Jaime Ardila. A região da América do Sul integra um bloco que abrange ainda Oriente Médio e África do Sul. Os detalhes do peso de cada parte da região nos lucros são mantidos em sigilo, embora saiba-se que a parte brasileira, a maior operação do bloco, é significativa.

Mas não é apenas pela lucratividade que a matriz da companhia, que ontem anunciou um prejuízo líquido global de US$ 38,7 bilhões, deve agradecer a esses países emergentes. Sozinho, o mercado brasileiro foi responsável por um terço dos 300 mil veículos que a montadora vendeu a mais no mundo em 2007, segundo Ardila. O executivo lembra que as vendas no Brasil representam o terceiro maior volume para a companhia, depois dos Estados Unidos e China.

Com um crescimento de 19% na comparação com 2006, as vendas da GM no bloco que inclui América do Sul, Oriente Médio e África alcançaram a marca recorde de 1,2 milhão de veículos em 2007. A GM ficou com 17% dos mercados de toda essa região no ano passado. Quase a metade foi vendida no Brasil.

Outro recorde da montadora foi a receita conquistada na região: US$ 18,9 bilhões. Os resultados foram puxados principalmente no último trimestre. Um terço da receita total - US$ 6 bilhões - foi obtido somente nos três últimos meses do ano.

Mas não foi apenas o impulso dos mercados locais que garantiram um resultado financeiro satisfatório, segundo o presidente da GM no Mercosul. Ardila aponta a competência da operação na contenção de custos. "Estamos com uma estrutura competitiva e flexível que fez com que as vendas crescessem mais que os custos", destaca.

A GM do Brasil também acertou quando decidiu cancelar férias coletivas na virada do ano. A estratégia permitiu aumentar as vendas em um momento de demanda forte, com filas de espera de consumidores para determinados modelos de automóveis. Em janeiro, quando as vendas de toda a indústria automobilística alcançaram 40,6% na comparação com janeiro de 2006, o desempenho da GM surpreendeu mais ainda, com crescimento de 60%.

Com isso, a participação da montadora no mercado doméstico cresceu dos 20,2% registrados ao final de 2007 para 21,5%. Ardila prevê uma continuidade desse aquecimento, mesmo que num ritmo menor nos próximos meses. O executivo mantém a expectativa de o mercado brasileiro chegar a pelo menos 10% de crescimento em 2008. Ele garante também que a operação da companhia na América do Sul continuará rendendo lucros para a matriz. O ano passado foi o terceiro ano consecutivo de lucratividade na América do Sul e o segundo no Brasil.

Com o bom resultado financeiro em 2007, a filial brasileira volta agora a aguardar sinal verde da matriz, em Detroit, para mais investimento em veículos. Há seis meses, a direção da montadora anunciou o projeto de US$ 500 milhões para o desenvolvimento de uma nova família de carros pequenos. Sobre um possível ciclo de recursos adicional, Ardila diz: "Estamos em processo de identificação das necessidades."