Título: Exportação pré-embargo vai a US$ 464 mi e tem recorde
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2008, Agronegócios, p. B14

O impasse que, no fim de janeiro, resultou no embargo às importações de carne bovina pela União Européia (UE), ajudou a impulsionar as exportações brasileiras no mês passado. Os embarques somaram US$ 464 milhões, montante 37% superior ao registrado em janeiro de 2007.

Foi o melhor resultado mensal das exportações já registrado, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). O recorde anterior havia sido obtido em maio de 2007, quando foram exportados US$ 443 milhões. Em contrapartida, os embarques realizados em janeiro deste ano foram de 196 mil toneladas (equivalente-carcaça), volume 8,77% menor que as 215 mil toneladas do mesmo mês do ano passado.

O impasse criado pela UE, que exige a redução do número de fazendas brasileiras aptas a exportar ao bloco, levou muitos importadores europeus a antecipar compras para garantir estoques, segundo o presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes. A alta do preço da carne no mercado internacional também ajudou a elevar o resultado, apesar da queda no volume físico das exportações.

A Rússia manteve-se como principal destino da carne brasileira, com 28 mil toneladas, e a Holanda foi o primeiro em valor, com US$ 64 milhões. Para contrabalançar a perda momentânea do mercado europeu, outros destinos ganham destaque, diz Pratini de Moraes. A China mostra-se como um dos mais promissores. Em janeiro, as vendas de carne in natura para Hong Kong somaram US$ 19,9 milhões, montante 286,6% superior ao de janeiro de 2007 - foi o maior crescimento. Em volume, os embarques cresceram 208,8%, para 10 mil toneladas (equivalente-carcaça).

O dirigente acredita que o imbróglio com a União Européia deverá estender-se por até três meses, o que afetará as exportações ao menos até o início do segundo trimestre. "O resultado final não deverá sofrer muito. Cada vez que tentaram embargar a carne brasileira, as exportações acabaram crescendo", afirma Pratini. "A demanda mundial tem crescido e a carne brasileira está em alta".

A Abiec, diz o presidente, vai apresentar ao Ministério da Agricultura uma série de recomendações para enfrentar o embargo europeu. Uma delas é a de argumentar com a Organização Mundial do Comércio (OMC) que a UE tem usado de forma abusiva as normas sanitárias para inibir importações. "A atitude deles (europeus) foi indecorosa. Temos que rever a forma de tratar esses temas", disse.