Título: Reflexo direto no prestígio
Autor: Iunes, Ivan; Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 02/02/2011, Política, p. 2

Apesar da vitória do governo, deputados do PMDB saíram enfraquecidos e outros da oposição, fortalecidos. Pela primeira vez, uma mulher ocupará um cargo na Mesa Diretora

A votação de ontem na Câmara desenhou um novo quadro de poder. As disputas dentro dos partidos por cargos e lideranças fortaleceram deputados e mostraram a redução de prestígio de outros tantos. Nas conversas de bastidores durante a votação de ontem, não faltaram avaliações sobre o espaço de alguns parlamentares no cenário da legislatura que começa. Um dos mais citados nas conversas foi o líder Henrique Eduardo Alves (RN). Apesar de reconduzido para o cargo, peemedebistas garantem que a escolha do seu nome não representa o aumento do prestígio interno do parlamentar. Na avaliação de integrantes da legenda, ele entra na nova legislatura com menos força do que terminou a anterior.

Uma demonstração da falta de unanimidade interna foi a escolha de Rose de Freitas (ES) para integrar a Mesa Diretora. Indicada pelo líder, a ideia era que seu nome fosse apenas oficializado. Mas, como forma de mostrar a divisão interna, outro grupo lançou Edinho Bez (SC) e conseguiu que a vitória de Rose fosse por apenas sete votos. Os descontentes alegam que o maior problema é o fato de o comando de Alves estar subordinado aos interesses do deputado Eduardo Cunha (RJ).

Apesar da vitória apertada, Rose de Freitas ganhou mais do que o cargo de primeira vice-presidente. Aliada de Alves, será a primeira mulher na Mesa Diretora e terá como uma das funções trabalhar como interlocutora do partido ¿ ou de parte dele ¿ com o Planalto.

No DEM Mesmo derrotado na disputa para a presidência da Câmara, Sandro Mabel (PR-GO) também aparece como um parlamentar que tem o que comemorar. Isolado pelo seu partido e ameaçado publicamente de expulsão, tornou-se o representante da resistência às imposições e interferências do governo na atuação da Casa. Para quem já perderia a liderança do PR e não entrou na lista de cotados para ministérios, o deputado conseguiu se diferenciar dos colegas que obedeceram às ordens palacianas e desistiram da disputa para beneficiar Marco Maia (PT-RS). Além disso, o parlamentar ganhou a simpatia da oposição, apesar de repetir que continua na base do governo. Na avaliação de alguns deputados, Mabel fez a escolha entre continuar sem aparecer e sem espaço ou mostrar que existe e que pode ser um problema para o governo.

Na oposição, o mais sorridente era ACM Neto (DEM-BA). Ele conseguiu não apenas ser o escolhido como líder da legenda, mas também se tornar símbolo do fortalecimento da candidatura de Agripino Maia para o comando do partido.

Depois de perder a disputa interna no PT para ser o nome indicado para a vaga de presidente da Câmara, Cândido Vacarezza (SP) ainda não tem o que comemorar em relação aos afagos que recebeu da gestão da presidente Dilma Rousseff. Até ontem, ele ainda aguardava um sinal do Planalto sobre seu papel no Congresso. Depois de desagradar petistas e até ser considerado truculento por alguns colegas no desempenho da função de líder do governo, o parlamentar ainda não recebeu nenhum convite ou sinalização do Planalto sobre sua função nesta nova legislatura.

Opinião do internauta Leitores comentaram no site do Correio Braziliense a posse dos novos parlamentares e os gastos da Câmara e do Senado com o evento. Confira:

Marcos Rodrigues ¿É incrível como em outros países as manifestações revoltam o povo ao ponto de ir às ruas reivindicar por seus direitos e aqui no Brasil somos `espancados¿ com essas barbaridades a todo momento e nada fazemos. Não sou a favor da desordem, somos tão bons em fazer carnavais, qual o benefício disso?¿

Francisco Monçores ¿Como é linda a democracia. Os parlamentares eleitos e reeleitos têm sim que levar a família e convidados. Foram eleitos para representar o povo e que o façam bem. Não será esta pequena despesa que irá falir os cofres públicos¿

Marcos Andrade ¿Por tudo isso que o Tiririca fez a campanha mais honesta. Ele sempre disse: `Votem em mim, seus abestados¿¿

Luciana Cabral ¿É um abuso, o pior de tudo é que vejo hoje o povo brasileiro parado, apático a tudo. Como podem dizer que no Brasil existe democracia? A democracia só existe quando eles precisam ser eleitos por nós, o que eles fazem com o nosso dinheiro não é da nossa conta¿