Título: IBS estima elevar produção até 2012
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2008, Empresas, p. B8

Rinaldo Campos Soares, presidente da Usiminas e do conselho do IBS: "Esses investimentos são irreversíveis" A indústria siderúrgica não acredita em recessão "abrupta" e nem pretende rever seus investimentos no Brasil por causa da iminência de uma crise internacional. Em reunião ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, o conselho diretor do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) reafirmou as intenções de aumentar em 11 milhões de toneladas a capacidade produtiva das atuais fábricas de aço, até 2012. Além disso, novas empresas que estão se constituindo agora no país - como as associações da Companhia Vale do Rio Doce com a coreana Dongkuk e a chinesa Baosteel - produzirão 6,8 milhões de toneladas por ano até 2012.

"Esses investimentos são irreversíveis", afirmou Rinaldo Campos Soares, presidente da Usiminas e também do conselho diretor do IBS. O setor produziu 33,6 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos no ano passado e deverá atingir 37 milhões de toneladas em 2008. As indústrias automotiva, bens de capital, construção civil e de linha branca de eletrodomésticos estão puxando o consumo de aço no país, acrescentou Soares, que salientou ao presidente o plano das siderúrgicas de investir US$ 57 bilhões num horizonte de dez anos - quando a produção alcançará 80 milhões de toneladas.

Os investimentos a longo prazo são "constantemente revisadas", mas as decisões tomadas de ampliação da capacidade até 2012 não têm volta, segundo o executivo. "A siderurgia está completamente preparada para atender o crescimento da demanda interna", diz. Para ele, pode até haver uma desaceleração da demanda, mas a hipótese de uma recessão prolongada - no Brasil e no mundo - está afastada. "Nossa visão é de que não vamos ter nenhuma recessão abrupta", acrescentou Soares.

Soares se disse preocupado com a possibilidade de déficit no abastecimento do setor elétrico, mas ressaltou que as empresas do setor estão cada vez mais auto-suficientes em energia. No caso da CST, 100% da geração é própria, e na Usiminas esse volume está sendo ampliado de 28% para 53% a partir de maio. A respeito da entrada da Vale no setor, o executivo disse que não há posição contrária das siderúrgicas sobre isso.

Questionado, Soares disse que não está sendo ouvido como testemunha - nem de defesa nem de acusação - nos processos judiciais do mensalão. Um dos ex-sócios do empresário Marcos Valério de Souza havia revelado na CPI dos Correios, em 2005, que a agência SMP&B repassou clandestinamente dinheiro para candidatos indicados pela Usiminas.