Título: BB investe em cartão para segurar aposentados e pensionistas do INSS
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2008, Finanças, p. C2

Maior pagador de benefícios da Previdência Social, o Banco do Brasil oferece a partir de hoje um novo cartão de crédito para aposentados e pensionistas, que permitirá a contratação de operações de empréstimo consignado dentro das novas regras definidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social.

O BB, que pretende emitir 350 mil cartões em 2008, se movimenta nesse nicho de mercado com dois objetivos estratégicos. Um deles é estreitar o relacionamento bancário com os cerca de 5,8 milhões de beneficiários do INSS que recebem aposentadorias e pensões no banco. Outra é defender sua base de clientes, que, no caso do crédito consignado tradicional, foi agressivamente assediada por bancos pequenos e médios.

Em dezembro, o INSS mudou as regras para empréstimos consignados a aposentados e pensionistas. Antes, as parcelas dos empréstimos não podiam passar de 30% do benefício. Agora, foram definidos dois limites: 20% para empréstimos consignados tradicionais, pagos em parcelas mensais, e 10% para empréstimos com cartões, pelo sistema de crédito rotativo.

"A nova regulamentação criada pelo INSS vai dar um impulso no mercado de cartões de crédito para aposentados e pensionistas", afirma o vice-presidente de cartões e novos negócios de varejo do BB, Aldemir Bendine. "Essa mexida no mercado vem ao encontro de nosso interesse em estreitar o relacionamento com os beneficiários do INSS."

Com o pagamento de 5,8 milhões de aposentados e pensionistas, o BB responde por quase 35% dos benefícios do INSS. Mas, desse público, apenas 2,3 milhões de aposentados e pensionistas têm conta corrente no banco. A maior parte dos benefíciários - 3,5 milhões - apenas saca os proventos nos caixas.

Nos últimos anos, o BB fez várias tentativas para integrar esse público a sua clientela. Um dos lances mais ambiciosos foi adicionar a cada um dos cartões a função débito, permitindo que o aposentado sacasse seus benefícios aos poucos ou gastasse o dinheiro nas maquinetas instaladas no comércio. Não funcionou. Dos 3,5 milhões de beneficiários que não são clientes, só 100 mil usaram a função débito.

O problema é que aposentados e pensionistas não se beneficiavam de todas as facilidades de um cartão de crédito - apenas podiam gastar o que tinham recebido no mês ou que tivessem poupado. "O cartão de crédito muda essa equação", afirma Bandine. Agora será possível comprar primeiro e pagar depois, além de ter acesso ao crédito parcelado feito pelos lojistas e ao crédito consignado.

Outra preocupação do BB é defender sua base de clientes do assédio dos concorrentes. Embora pague 35% dos aposentados e pensionistas do sistema, sua carteira de crédito consignado equivale a cerca de 15% das operações ativas do INSS. Os bancos pequenos e médios avançaram rápido por meio dos agentes de crédito.

O cartão vai oferecer juros de 2,9% ao mês, abaixo do teto de 3,7% fixado pelo INSS, e será isento de anuidade (proibidas pelo INSS) e de taxas de emissão (o INSS autorizou a cobrança de R$ 15,00). O BB estabeleceu como limite de crédito o equivalente a duas vezes o benefício, abaixo do teto fixado pelo INSS, de três salários. O aposentado deve pagar obrigatoriamente o equivalente a 10% de seu benefício, com desconto na folha do INSS.