Título: Varig muda plano para operação em rotas internacionais
Autor: Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2008, Empresas, p. B2

Leo Pinheiro/Valor MuriloBarbosa, diretor de marketing da Varig, afirma que companhia vai reforçar busca por parceiros internacionais Depois de retomar diversas rotas internacionais às pressas para conseguir manter o direito às rotas, no ano passado, a Varig inverteu a estratégia. Agora, a empresa vai suspender três importantes rotas internacionais e concentrar suas energias no Brasil e na América do Sul.

A Varig anunciou na noite de terça-feira que suspenderá os vôos para Londres, a partir de 1º de março, e para Frankfurt e Roma, a partir do dia 29 do mesmo mês. São três das cinco rotas européias que a companhia retomou ou criou no segundo semestre do ano passado. A Varig, que foi comprada pela Gol em março de 2007, informou que vai continuar voando para Madri e Paris, na Europa, e para a Cidade do México, na América do Norte.

A partir das suspensões, os maiores esforços da companhia aérea deverão ser no sentido de aumentar as taxas de ocupação nos vôos domésticos e sul-americanos. Durante o ano de 2007, os aviões da Varig decolaram com cerca de 53% dos assentos ocupados, enquanto a média das outras companhias nacionais foi de 69%. A mesma diferença foi registrada nas operações internacionais. Só no último trimestre de 2007, os vôos da Varig ao exterior tiveram ocupação média de 54%; a média das concorrentes foi de 65%.

"O momento é de criarmos musculatura eficiente no mercado doméstico e sul-americano, com horários de vôo mais adequados ao público executivo, que é nosso foco", afirmou Murilo Barbosa, diretor de marketing da companhia. Segundo ele, com um tráfego de passageiros mais forte no cone Sul e no Brasil, será possível alimentar os vôos internacionais da empresa com mais eficiência.

As taxas de ocupação reduzidas, especialmente nas rotas ao exterior, são conseqüências de problemas que a Varig vem enfrentando. No mercado internacional, a principal dificuldade da empresa é não ter parcerias substanciais com outras empresas aéreas para distribuir seus passageiros pela Europa ou pela América do Norte. A Varig opera aviões Boeing 767 muito antigos, que em nada atraem os clientes. Além disso, a companhia aguarda a chegada de mais desses aviões. Hoje ela tem cerca de dez.

Segundo Barbosa, a Varig optou por manter as rotas de Paris e Madri justamente porque, nesses destinos, tem parceiros fortes, como a Air France e a Iberia. Nos outros países - Alemanha, Inglaterra e Itália - a Varig não tem esses acordos. Por isso, acaba perdendo competitividade frente às empresas concorrentes. Na ligação Brasil-Londres, ela compete com a TAM e com a inglesa British Airways. Na rota para Frankfurt, disputa com a TAM e a alemã Lufthansa, que são parceiras. Nos vôos para Roma, compete com a Alitalia e com a TAM, cujo destino na Itália é a cidade de Milão.

A partir do momento em que a Varig suspender as três rotas européias, terá um prazo de 180 dias para retomá-las. Caso contrário, perderá o direito de operá-las. Murilo Barbosa afirma que durante esse período a empresa pretende buscar mais parcerias e vai reformar as aeronaves. "Há, inclusive, estudos sobre entrar numa aliança de companhias aéreas", diz. Hoje, pelos acordos que já possui, a Varig está mais próxima da aliança SkyTeam, em que a empresa líder é a Air France. A TAM , por sua vez, tem mais acordos com as participantes da Star Alliance - Lufthansa e United Airlines, principalmente.

O recuo na estratégia internacional anunciado pela Varig inclui também as rotas para os Estados Unidos. A companhia pretendia criar duas rotas no país este ano, uma para Nova York e outra para Miami. Barbosa diz que, agora, é mais provável que a empresa crie apenas uma.