Título: Mantega descarta elevação da Selic
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2008, Finanças, p. C6

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem, ao contrário do alerta dado pelo Banco Central, que não há razão para aumento dos juros. "Alguma elevação da inflação, que se deu por causa dos preços de algumas commodities agrícolas, já está arrefecendo. O Brasil tem uma forte capacidade de reagir com oferta agrícola. Não vejo, então, nenhuma razão para uma elevação de juros", justificou.

Mantega comentou que a inflação está "totalmente controlada" e que os índices são menores que os verificados nos países emergentes. Ressaltou que ela está "rigorosamente dentro do centro da meta", o que significa que o governo está cumprindo, "com todo o sucesso possível", os objetivos da política de metas de inflação. "Não vejo razão no horizonte para alguma elevação dos juros", insistiu.

O comentário de Mantega foi feito com base na divulgação de indicadores que mostraram algum recuo da inflação em fevereiro, provocado, principalmente, pelo comportamento dos preços de alimentos, vestuário e educação. Na última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que está preparado para agir caso a inflação desse sinais de ultrapassar a meta de 4,5% para o IPCA. A interpretação foi a de que o BC deu, no final de janeiro, uma clara advertência sobre a possibilidade real de elevação da taxa básica de juros, atualmente em 11,25% ao ano.

Na ata do Copom, seus integrantes afirmaram, pela primeira vez, que já ocorre inflação de demanda. "O ritmo de expansão da demanda continua bastante robusto, respondendo, ao menos parcialmente, pelas pressões inflacionárias que têm sido observadas no curto prazo", revelou o documento. Até essa oportunidade, a inflação de demanda era tida apenas como um risco.

Mas na otimista análise do ministro da Fazenda, o Brasil é considerado um país seguro e estável. Portanto, poderá atrair mais investidores. Essa situação, na sua opinião, é "emblemática" porque, no momento em que outros países sofrem com a crise e com a possibilidade de retração econômica, o Brasil poderá ser alvo de investimentos. Pelas previsões de Mantega, assim que passar a fase de escassez de capitais no cenário internacional, o Brasil vai atrair os investidores interessados em um país que oferece vantagens e rentabilidade.