Título: Crédito alavanca resultados de bancos
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2008, Finanças, p. C14

A primeira leva de balanços divulgados já sinaliza que os bancos tiveram mais um ano de resultados vistosos em 2007, catapultados pela forte expansão da carteira de crédito.

Para o presidente da Austin Ratings, que realizou o levantamento a pedido do Valor, o bom desempenho da economia brasileira em 2007 favoreceu vários setores e os bancos foram um destaque.

A amostra reunida pela consultoria ainda é pequena mas inclui dez instituições com perfis distintos dando uma boa sinalização do setor. Dos grandes bancos, apenas o Bradesco divulgou seus números. O restante do grupo é formado por três bancos que abriram o capital em 2007 - BicBanco, Pine e Paraná Banco - e outros de médio e pequeno porte.

Os dez bancos aumentaram em 60,7% o lucro líquido consolidado, de R$ 5,7 bilhões para R$ 9,1 bilhões. Desse total, R$ 8 bilhões são apenas do Bradesco, cujo ganho cresceu 58,5% sobre 2006. Mas o lucro de alguns bancos médios cresceu até mais. O ganho do Pine, por exemplo, saltou 139,2%; o do BMG, praticamente dobrou; e o do BicBanco, saltou 74,8%.

A expansão da economia aumentou a demanda por crédito e reduziu a inadimplência melhorando a receita dos bancos, disse Rodrigues. Uma estratégia que ampliou o ganho foi o foco em linhas de maior margem - embora também de maior risco -, que são as direcionadas às pessoas físicas e às pequenas e médias empresas.

O presidente do Pine, Emilio Carazzai, notou o aumento do tamanho das empresas que batem na porta do banco à procura de crédito. O alvo do Pine eram companhias com faturamento anual entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões. Agora, mais de 50% da carteira corporativa do banco é composta por companhias que faturam acima de R$ 150 milhões. "As empresas médias cresceram e ficaram mais robustas, demandando mais produtos e serviço", disse ele.

O Pine quer ampliar em 60% o consignado neste ano e, no prazo de 90 dias, vai lançar o cartão de crédito com desconto em folha.

Para Rodrigues, a expectativa de uma expansão de 4,5% da economia neste ano, o aumento do IOF no crédito e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos vão fazer com que o crédito cresça menos do que em 2007. De toda forma, serão ainda números vistosos, que levam os bancos a enfrentar o desafio de ampliar as fontes de recursos.

A forte expansão do Bic neste ano, por exemplo, foi possível por causa do IPO realizado em outubro, que reforçou o patrimônio do em R$ 492,9 milhões. Antes mesmo da operação, em maio, os controladores aumentaram o capital em R$ 400 milhões. Com isso o patrimônio do banco triplicou, atingindo o patamar de R$ 1,6 bilhão.

Com esse colchão de liquidez, a relação entre o capital e os ativos ponderados pelo risco atingiu 19,37% ao final do ano, acima dos 11% mínimos exigidos pelo BC.

Para fazer frente à expansão esperada para este ano, o vice-presidente e diretor de relações com investidores do BicBanco, Milto Bardini, afirmou que o banco vai avaliar novas fontes de captação neste ano para reforçar a base até agora montada sobre capital, depósitos a prazo e linhas externas de comércio exterior. O mercado internacional já foi sondado neste início de ano mas a turbulência tornou as condições de captação desvantajosas. Outra alternativa em estudo é a cessão de carteira na forma de Fundo de Investimento em Direito Creditório (FIDC). (Colaborou Altamiro Silva Júnior)