Título: Panasonic fecha acordo com Google
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Fonte: Valor Econômico, 09/01/2008, Empresas, p. B1

A Panasonic, do grupo japonês Matsushita e uma das maiores empresas de produtos eletrônicos de consumo do mundo, trabalha para manter o reinado do televisor na nova era de convergência de tecnologias e escolheu o caminho das parcerias, até com concorrentes, para, por um lado, reduzir custos e, pelo outro, acelerar a chegada da internet na TV, com o Google.

"Queremos fazer do televisor o grande centro de nossas casas, de nossas vidas", disse Toshihiro Sakamoto, presidente da Panasonic AVC Networks, braço que responde pela divisão de áudio e vídeo do grupo, em sua apresentação na Feira de Produtos Eletrônicos de Las Vegas, na segunda-feira. Para mostrar quão sérias são as pretensões da Panasonic, Sakamoto exibiu o protótipo da TV do futuro - " life wall", ou muro da vida. Uma infinidade de pequenos receptores transmitem as imagens sobre o que parece ser uma grande parede, de cinco metros de comprimento, que se transforma em uma gigantesca tela de computador "touch screen" (sensível ao toque). Sobre a parede é possível exibir várias imagens simultaneamente.

Tudo isto parece uma realidade distante do consumidor comum, principalmente pelo elevado custo de desenvolvimento dessas novas tecnologias. Mas as empresas estão reagindo. Existe hoje uma forte tendência de formação consórcios entre concorrentes para reduzir o prazo e, sobretudo, dividir as despesas das pesquisas. Um exemplo é a recente criação de um pool formado por oito grandes companhias para o desenvolvimento de uma tecnologia de transmissão sem fio de vídeos em alta definição. Fazem parte desse grupo, Panasonic, Intel, Sony, LG, NEC, Samsung, SiBeam e Toshiba.

O consórcio pretende criar especificações padrões que permitirão que as imagens possam ser trocadas entre diversos tipos de aparelho - como um DVD e um console de videogame, independentemente de suas marcas. A previsão é de que os primeiros aparelhos com o novo padrão sem fio cheguem as lojas no início de 2009. Muitas indústrias presentes à feira já orientam seus lançamentos nessa direção. A Panasonic, por exemplo, mostrou uma plataforma sobre a qual o usuário pode colocar sua câmera fotográfica, cujo conteúdo é transmitido sem fio para a televisão.

A Panasonic acaba de formar uma parceria com o You Tube, do Google, para o lançamento de uma nova linha de televisores que permitirá ao consumidor fácil acesso ao conteúdo dos sites. Esta é a primeira parceria de uma empresa japonesa de produtos eletrônicos de consumo e a líder mundial de ferramentas de busca na internet. Novas câmeras fotográficas da Panasonic, batizadas de Lumix, também terão acesso à internet, o que permitira que as fotos sejam enviadas diretamente da máquina a outros aparelhos.

Em um aspecto, porém, a Panasonic continua nadando contra a corrente. O grupo Matsushita, cujo receita atingiu US$ 76 bilhões no último ano fiscal, decidiu manter pesados investimentos em tecnologia de plasma para TV acima de 37 polegadas, enquanto outros fabricantes japoneses, como Sony e Sharp, aderiram integralmente ao LCD (tela de cristal líquido).

Em entrevista ao Valor, Sakamoto disse que a decisão deve-se a fatores técnicos. Em muitos aspectos, explicou, o plasma é melhor do que o LCD para as telas maiores. Um deles é o tempo de resposta para a exibição de imagens em movimento. Nos LCDs, existe um pequeno atraso, algo que não havia nem mesmo na era do tubo, e que torna-se mais perceptível em telas grandes.

E o tamanho da tela importa de fato para a Panasonic. A marca japonesa mostrou ao público pela primeira vez a maior tela de plasma do mundo: um televisor de 150 polegadas. A crença do grupo nesta tecnologia é tanta que a empresa irá construir uma nova fábrica de plasma para produzir a próxima geração de telas. A novidade é que esses televisores terão apenas uma polegada de espessura.

Mas, para as telas menores, abaixo de 37 polegadas, a Panasonic rendeu-se ao LCD. A empresa firmou recentemente uma joint venture com a Hitachi e a Canon para a produção de pequenas telas de cristal líquido. Mas, além disso, essa parceria irá desenvolver a futura tecnologia de televisores, que deve substituir tanto o plasma como o LCD. O televisor do futuro chama-se "oled" (sigla em inglês para diodos orgânicos emissores de luz), que promete consumir menos energia e que deve chegar ao mercado por volta de 2015, prevê Sakamoto.(A repórter viajou a convite da Panasonic)