Título: Embraer fecha 2007 com volume recorde de entrega
Autor: Nakamura, Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2008, Empresas, p. B9

A Embraer confirmou ontem a entrega de 169 aeronaves ao longo de 2007, número que representa o recorde de aviões entregues em um ano (a melhor marca era de 161 aeronaves, em 2001) e também marca o cumprimento do cronograma de entregas previsto para o ano, entre 165 e 170 unidades. Desde 2004 a empresa não conseguia cumprir as metas estabelecidas. No quarto trimestre, a terceira maior fabricante de jatos do mundo entregou 61 jatos, sendo 45 do segmento comercial, 14 jatos executivos Legacy e duas unidades nas áreas de defesa e governo.

Desde meados de 2006, a empresa enfrentava problemas de fornecimento de peças. O mais grave foi o descompasso na produção das asas do modelo Embraer 190, anteriormente fabricadas pela japonesa Kawasaki. A empresa teve que assumir a fábrica (instalada dentro da unidade da Embraer em Gavião Peixoto, interior de São Paulo), contratar e treinar funcionários e reestruturou a produção para compensar os atrasos nas entregas. O número baixo de entregas no primeiro semestre causou ceticismo entre os analistas na época. "Havia muita dúvida em relação à capacidade produtiva da empresa", afirmou Pedro Galdi, analista do Real ABN Amro. Ao longo de 2007, as ações da empresa tiveram uma perda de 6,73%.

As ações da companhia brasileira na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram valorização de 2,45% no pregão de ontem, fechando cotadas a R$ 20,85%. Ajudou também para o desempenho positivo do papel o anúncio de um novo recorde de pedidos firmes em carteira, que passou de US$ 17,1 bilhões para R$ 18,8 bilhões no fim de 2007. Apenas na aviação comercial, os pedidos somam 476 unidades, além de cerca de 700 jatos executivos Phenom.

A Embraer informou que pretende entregar entre 195 e 200 unidades em 2008. Em 2009, esse patamar subirá para entre 315 e 350 unidades. É que nesta conta estão previstas as entregas de até 150 jatos da família Phenom. De acordo com o analista Caio Dias, do banco Santander, a fabricante de jatos deu claros sinais de que poderá cumprir com tranqüilidade essas metas. "A empresa já alcançou a cadência de produção de 14 jatos comerciais por mês, adequado para atingir novamente as metas. E a linha de produção dos Phenom é nova e não deve apresentar problemas", disse.

Ao regularizar a cadência de produção, a Embraer tem pela frente o desafio de reduzir os custos de produção e melhorar as margens, observou o analista do Santander. A valorização do real frente ao dólar e o preço do petróleo também preocupam. A disparada do preço da commodity pode retrair a atividade das companhias aéreas.