Título: Enfraquecimento do dólar motiva alta dos grãos na bolsa de Chicago
Autor: Lopes, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 29/01/2008, Agronegócios, p. B14

A desvalorização do dólar em relação a uma cesta com outras seis das mais importantes moedas do mundo, que chegou a 6,7% nos últimos seis meses, foi o principal motivo apontado para a considerável alta de trigo, soja e milho ontem na bolsa de Chicago.

É óbvio que o movimento de enfraquecimento da moeda americana é conhecido e vem ajudando a sustentar as elevadas cotações dos grãos no mercado internacional nos últimos meses, mas balanços semestrais e anuais divulgados tiveram seu "efeito psicológico altista" amplificado pela atual turbulência nos mercados financeiros globais, derivada das incertezas que ainda cercam a economia dos EUA.

"Não houve qualquer notícia nova realmente importante ligada aos fundamentos dos mercados capaz de justificar as altas. Mas o enfraquecimento do dólar e altas em outros mercados, inclusive em commodities não-agrícolas, ofereceram sustentação. Até quinta-feira, quando haverá uma nova reunião do banco central americano [quando os juros no país estarão em discussão], a turbulência deverá perdurar", afirmou Emmanuel Zulo, analista da Corretora Souza Barros.

Ontem a maior alta em Chicago foi a do trigo. Os contratos do cereal com vencimento em maio subiram 30 centavos de dólar (o limite máximo permitido em uma única sessão) e fecharam a US$ 9,7750 por bushel. A soja com entrega no mesmo mês encerrou o pregão negociada a US$ 12,7225 por bushel, com ganho de 10,75 centavos de dólar, ao passo que o milho para maio teve alta de 3,50 centavos de dólar e atingiu US$ 5,1425 por bushel.

Zulo chama a atenção, ainda, para o fato de a turbulência internacional estar afetando, no Brasil, as negociações na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Na quinta-feira, última sessão doméstica da semana passada (na sexta-feira foi feriado em São Paulo, onde está a sede da bolsa), nenhum contrato de soja com vencimento em março (época de comercialização da safra brasileira) foi negociado. Nesta época, afirma o analista, seria normal que pelo menos 400 contratos tivessem sido negociados.