Título: Lucro líquido do Bradesco cresce 58,5%
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 29/01/2008, Finanças, p. C14

A turbulência internacional não impediu o Bradesco de lucrar R$ 2,193 bilhões no quarto trimestre de 2007, fechando o ano com o resultado recorde de R$ 8,010 bilhões, 58,49% maior do que os R$ 5,054 bilhões de 2006.

O aumento de 36,47% do crédito, puxado pelas operações com pessoas físicas e pequenas empresas, a expansão da receita de serviços e ganhos extraordinários alavancaram os resultados.

As ações preferenciais do Bradesco fecharam em alta de 1% a R$ 49,10, ontem, dia em que o índice Bovespa subiu 1,97%. Segundo o analista Rodrigo Santos, da Meta Asset Management, "o resultado foi bom, e veio em linha com as expectativas do mercado". Notou "a compressão nos spreads, o impacto sobre a margem financeira ajustada" e que a composição dos resultados manteve o mix tradicional de 70% de operações bancárias e 30% de seguro, previdência e capitalização".

O analista também observou que o Bradesco contabilizou um lucro não realizado (diferença entre valor de mercado de seus ativos e passivos contábeis e os respectivos valores contábeis) no montante de R$ 4,7 bilhões, equivalente a cerca de 16% do patrimônio líquido, formando basicamente por títulos e valores mobiliários.

Ariadne Agostini, analista financeira do INEPAD, acrescentou que o resultado do Bradesco inclui ganhos não recorrentes proveniente da venda de participações. No quarto e terceiro trimestres, obteve R$ 252,5 milhões com a venda de papéis da Bovespa e R$ 263,144 milhões com a venda de ações da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). No terceiro trimestre, R$ 63,649 milhões com a venda da Indiana Seguros; e, no segundo, quase R$ 600 milhões com a venda de parte de investimentos na Serasa .

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, afirmou que o "Brasil resistiu de forma confiável e a economia cresceu mais de 5%", favorecendo a expansão do crédito acima do ritmo do mercado.

Cypriano já conta, porém, com o impacto da crise internacional das hipotecas de alto risco na economia brasileira neste ano. Por isso, prevê que a expansão do PIB será de 4,5% neste ano e que os juros básicos ficarão estáveis em 11,25%. Por isso, o banco espera uma expansão do crédito de 21% a 25%, cerca de 10 pontos a menos do que em 2007. Ainda assim, acredita que o Brasil seja elevado à condição "investment grade" (baixo risco) por uma das três principais agências de rating.

Excluindo avais, fianças e valores a receber de cartões, a carteira de crédito do Bradesco cresceu 36,47% em 2007 para R$ 131,3 bilhões. O crescimento foi puxado pelas operações com pequenas e médias empresas, que cresceram 46,7% para R$ 43,98 bilhões; e com a pessoas físicas, que aumentaram de 34,2% para R$ 59,277 bilhões.

Cypriano destacou o aumento de 59% do consignado, que atingiu R$ 6,1 bilhões e deve dobrar neste ano. O bom resultado desse negócio é consequência da aquisição do BMC em 2007. O leasing para pessoa física foi outro destaque, com 226% de expansão.

O crédito imobiliário também dobrou, de R$ 2,1 bilhões em 2006 para R$ 4,1 bilhões em 2007 e Cypriano prevê operações acima de R$ 5 bilhões neste ano.

O índice de inadimplência acima de 90 dias fechou dezembro em 3,3%, abaixo dos 3,6% de 2006.